O principal objetivo era o apuramento — mas antes mesmo de o árbitro espanhol Mateu Lahoz apitar para o início da partida na Puskás Aréna, em Budapeste, muitos portugueses estavam de olhos pregados no resultado do Polónia-Suécia.

Não era apenas, ou sequer maioritariamente, por o treinador da seleção da Polónia ser um português (Paulo Sousa) que se torcia pela seleção Polaca. Era porque se esta tivesse vencido, a equipa de Fernando Santos, apurando-se em terceiro lugar como acabou por acontecer, teria uma rota mais facilitada: em vez de enfrentar a Bélgica, como acontecerá, poderia enfrentar os Países Baixos — e, mais importante do que isso, apurando-se para os quartos-de-final, poderia encontrar o vencedor do Dinamarca-País de Gales, duas seleções menos cotadas e favoritas à conquista do Europeu.

As contas são agora estas: Portugal vai enfrentar a Bélgica nos oitavos-de-final e, se conseguir passar, disputará a passagem às meias-finais com o vencedor do Itália-Áustria — no qual a seleção Italiana, uma das fortes candidatas à conquista da prova, é favorita. Chegando às meias-finais, os favoritos a estarem do outro lado serão a poderosíssima campeã mundial França e a Espanha, embora Croácia e Suíça tenham uma palavra a dizer e nem franceses nem espanhóis estejam já a contar com as vitórias como garantidas.

Os possíveis emparalhamentos até à final colocam Bélgica (oitavos), Itália ou Áustria (quartos) e França, Espanha, Croácia ou Suíça (meias) na rota ambicionada por Portugal

Mesmo depois do jogo entre a seleção da Suécia e da Polónia terminado, Portugal ainda acalentava uma esperança: se tivesse vencido a seleção francesa esta quarta-feira em Budapeste, e beneficiando do empate entre a Alemanha e a Hungria em Munique, em vez de enfrentar nos oitavos de final a Bélgica teria como oponente a Suíça — um adversário teoricamente bem menos difícil. Talvez ainda mais importante: vencendo a Suíça, o adversário nos quartos de final seria a Espanha ou a Croácia, seleções que têm impressionado menos neste torneio do que Bélgica (adversária de Portugal nos oitavos) e Itália (provável adversária de Portugal nos quartos de final, caso a equipa de Fernando Santos lá chegue).

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O certo é que, no plano teórico, se Portugal tivesse conseguido vencer a França ou se, mesmo não vencendo, a Polónia tivesse conseguido vencer a Suécia, a Seleção Nacional evitaria sempre até à final alguns dos principais candidatos: a poderosa França (que nunca enfrentará antes da meia-final, se os dois conjuntos lá chegarem), a forte candidata Itália, a Bélgica, a Espanha, a Croácia e as menos cotadas Suíça e Áustria.

Assim, com o conjunto de resultados que se verificaram, Portugal evita apenas três equipas cotadas — a Alemanha e a Inglaterra (que se enfrentarão já nos oitavos de final, em Wembley) e os Países Baixos — e várias Seleções que no plano teórico poderiam oferecer menos resistência à equipa de Fernando Santos, nomeadamente Ucrânia, Suécia, Rep. Checa, País de Gales e Dinamarca.

O facto de Portugal ter tido no Europeu de 2016 um sorteio teoricamente favorável nas fases a eliminar foi considerado pelos analistas desportivos um dos fatores que mais contribuíram para a Seleção Nacional chegar à final — que venceria. Agora, nos oitavos, enfrentará a Bélgica quando antes enfrentou a Croácia. Nos quartos de final, se lá chegar, poderá enfrentar a Itália (ou em alternativa a Áustria, se houver uma surpresa) quando em 2016 o adversário foi a Polónia. E na meia-final, se lá chegar, poderá enfrentar Espanha ou França, quando em 2016 defrontou o País de Gales. Um caminho mais difícil, mas não impossível.