A vacinação indevida de maiores de 18 anos no Porto já teve consequências, e não é a primeira vez que Maria Dulce Pinto, diretora do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Porto Oriental, é afastada de funções devido a irregularidades. Desta vez, segundo a SIC Notícias, foi suspensa depois da polémica vacinação da filha de 18 anos da apresentadora de televisão Maria Cerqueira Gomes. Em 2012, Maria Dulce Pinto também já tinha sido afastada do cargo, depois de serem detetadas irregularidades no seu currículo.

Há 9 anos, uma polémica envolveu uma série de nomeações para estruturas na dependência direta da Administração Regional de Saúde do Norte. Os currículos de vários profissionais nomeados para cargos de chefia continham habilitações falsas ou inexatas. Entre os casos denunciados na altura, como escrevia então o Público, encontrava-se o nome da enfermeira Maria Dulce da Silva Pinto, que era então diretora executiva do ACES Porto Oriental.

A enfermeira foi nomeada pelo então ministro da Saúde Paulo Macedo com a designação de mestre, embora na súmula curricular refira apenas ter completado a primeira parte do mestrado (curricular) do curso. Na altura, a ARS afirmou tratar-se de um lapso. O Correio da Manhã lembra que quando a enfermeira voltou a ser conduzida no cargo, no despacho aparece com a designação de ‘licenciada’, tendo desaparecido a referência ao mestrado.

Polémica com jovens vacinados. ARS abre inquérito e task force participa à PJ imunização de filha da apresentadora Maria Cerqueira Gomes

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Sobre o caso atual, já foi feita participação à Polícia Judiciária, indicou o vice-almirante Henrique Gouveia e Meio, coordenador do plano de vacinação. A ARS Norte já tinha anunciado, na quinta-feira, a abertura de um inquérito para averiguar a vacinação indevida no Centro de Vacinação do Cerco.

Os episódios aconteceram entre quarta e quinta-feira, após a Junta de Freguesia de Campanhã ter partilhado no seu site um processo de vacinação com “porta aberta” — em Portugal apenas os maiores de 55 anos podem ser vacinados em qualquer centro de saúde sem agendamento. Gouveia e Melo considerou que este caso “consagra uma desobediência clara ao plano de vacinação”.

“Eu não posso demitir as pessoas, pedi à estrutura para tirar as consequências. Tem de haver disciplina e num plano desta desta complexidade e desta urgência isto vai ter de acontecer de uma forma ou outra”, assegurou o vice-almirante.

Apesar de não estar assim definido pelas autoridades de saúde, Maria Cerqueira Gomes, de 38 anos, disse nas suas redes sociais que as “pessoas a partir dos 18 anos” podiam aparecer no centro de vacinação do Cerco. “Eu fui vacinada, a minha filha também… Como todos os outros que souberam e [es]tiveram horas como nós à espera de oportunidade”. A apresentadora da TVI garantiu ainda que “hoje [esta quinta-feira] vão fazer igual”, indicando que os profissionais de saúde do Centro de Saúde do Cerco “vacinam enquanto houver vacinas”.