Uma mulher de 37 anos morreu no último sábado na sequência de uma colisão entre a bicicleta onde seguia e um automóvel, na Avenida da Índia, em Lisboa. A vítima estava grávida de cinco meses e ainda foi transportada das proximidades do viaduto de Belém para o Hospital de São José em estado muito grave, mas não resistiu aos ferimentos e perdeu a vida no próprio dia.
Patrizia Paradiso era investigadora da área de Engenharia de Materiais e professora auxiliar convidada do Instituto Superior Técnico, natural de Itália e emigrada em Portugal há 14 anos. Sempre nutriu gosto pelo ciclismo, mas terá começado a praticar mais este desporto com a chegada da pandemia de Covid-19. Rosa Félix, também ela investigadora do Técnico e ciclista, descreve-a como “daquelas pessoas com todos os cuidados do mundo”.
Rogério Colaço, presidente daquele polo da Universidade de Lisboa, recorda a cientista como “uma investigadora de enorme potencial, reconhecida, respeitada e amada por todos os colegas e alunos que com ela se foram cruzando, dentro e fora do país”: “O mundo fica mais pobre com a partida prematura e sem sentido da Patrizia”, desabafou no Facebook.
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A Câmara Municipal de Lisboa chegou a apresentar um plano de intervenção na zona onde a investigadora italiana foi atropelada mortalmente, com a instalação de uma ciclovia — outras 15 seriam construídas noutras regiões da cidade. As obras deviam ter sido concluídas em julho de 2020, mas nunca avançaram. Este é um dos motivos que levou Américo Silva a anunciar nas redes sociais que a intenção de “criar uma comissão independente para levar o problema da segurança dos ciclistas à Assembleia da República”.
O outro objetivo dessa comissão é “tentar recolher o número de assinaturas necessárias de forma a que o Estado ajude na sensibilização dos automobilistas para as novas regras do Código da Estrada e também uma maior fiscalização e punição para os infratores”, disse o ciclista à página Lisboa Para Pessoas. O condutor do carro era um homem idoso que não terá visto a vítima por ter sido encadeado pelo sol.
Américo Silva fotografou o local do acidente, por onde passou com amigos, e encontrou a parte traseira da bicicleta destruída na dianteira do carro. Ao Lisboa para Pessoas, o atleta explica que se deparou com “uma ciclista em estado muito grave” e diz que ficou impressionado com “a violência do embate e o carro parado cerca de 25 metros depois do corpo da vítima”.
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A propósito da morte de Patrizia Paradiso, a investigadora Rosa Félix comentou nas redes sociais que “juntar pessoas a diferentes velocidades no mesmo canal acaba por correr mal”: “Não é suposto andar-se com medo em cima de uma bicicleta. Precisamos de mais segurança, e cuidados de quem agarra um volante. Ainda há muito por fazer, mas nada que não esteja ao alcance para que não haja mais vítimas”, apelou.
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Em julho de 2020, Ana Oliveira, jogadora júnior de basquetebol no Sporting Clube de Portugal, morreu atropelada no Campo Grande, em Lisboa. Tinha 18 anos. A atleta atravessava uma passadeira, levando a bicicleta onde seguia pela mão, quando foi atingida por um automóvel cujo condutor tinha desrespeitado um sinal vermelho. Ana Oliveira foi transportada para o Hospital de Santa Maria, mas não resistiu aos ferimentos.
Artigo atualizado para corrigir informações relativas ao ciclista Américo Silva.