Contrariamente ao que foi adiantado inicialmente pelo comandante da Proteção Civil, os três bombeiros da corporação de Vila Nova de Oliveirinha que morreram esta terça-feira estavam a combater as chamas e não a caminho de um incêndio. Os três voluntários estavam a pé, com uma mangueira, e acabaram por ser apanhados pelo fogo.
“Estavam numa vertente acentuada do Mondego, onde há eucaliptos. O fogo vem de baixo para cima e quando veem que já não conseguem [combater o fogo], tentam subir. O fogo apanha-os por trás”, descreveu Vítor Melo, presidente da Corporação de Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Oliveirinha, em declarações à Rádio Observador. Inicialmente André Fernandes, comandante da Proteção Civil, tinha dito que estes bombeiros tinham morrido a caminho de um incêndio em Tábua.
Vítor Melo, que lidera a corporação de Vila Nova de Oliveirinha há 14 anos, lembrava estes três voluntários emocionado e diz assumir a responsabilidade destas mortes na qualidade de presidente da corporação, uma vez que foi ele que equipou os bombeiros voluntários, exclusivamente através dos meios da corporação.
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Segundo o presidente, os três bombeiros que morreram, Sónia Melo (de 36 anos), Susana Carvalho (44) e Paulo Santos (38), faziam parte de uma equipa de cinco elementos. Três estavam no terreno: “um na agulheta” e “outros dois na mangueira”. E outros dois, os únicos sobreviventes, permaneciam na viatura “como é prática”, sublinhou Vítor Melo.
Quando as chamas se aproximaram, os dois bombeiros na viatura deixaram o local, evitando que o carro também fosse consumido pelo incêndio. Quando o fogo passou, estes voltaram para trás com o veículo, detalha Vítor Melo, sem adiantar se os três bombeiros que tinham ficado no terreno já tinham perdido a vida.
Tomado pela emoção, em declarações à Rádio Observador Vítor Melo disse que os sobreviventes estavam, desde aí, ao pé dos corpos dos colegas. E acrescentou que se tratavam de “bombeiros muito experientes” que estavam cansados após passar a noite a combater as chamas. Para o presidente da corporação, a prioridade agora é homenagear os bombeiros que morreram, uma vez que “levaram ao expoente máximo o lema ‘vida por vida’”.
“Há pessoas que acham que o dinheiro compra tudo, mas ser-se bombeiro voluntário não tem preço”, disse, criticando a falta de atenção que o Estado dá aos bombeiros voluntários, principalmente no interior do país, onde diz serem essenciais. Vítor Melo deu o exemplo de o Estado exigir a modernização dos equipamentos, mas não garantir o financiamento para tal.