As lendas do futebol alemão não costumam ficar caladas quando acham que têm coisas a dizer. Tem sido assim com figuras como Rummenigge ou Beckenbauer (mesmo numa versão mais discreta), e Lothar Matthäus é mais um exemplo (claramente menos discreto). Agora, o antigo jogador de Inter e Bayern Munique lançou duras críticas a Toni Kroos, que deixou seleção alemã após a eliminação do Euro 2020.
Campeão do Mundo pela Alemanha em 1990 (em 1980 tinha ganho o Europeu), ano em que venceu também a Bola de Ouro, vencedor do primeiro prémio de Melhor Jogador do Mundo FIFA (1991), e jogador que levantou dezenas de títulos, Matthäus disse que Kroos “fez um Europeu dececionante, não sabendo liderar a equipa”.
Na sua coluna de opinião no Bild, o antigo capitão da Mannschaft é contundente com o médio do Real Madrid: “Vê-se a si mesmo melhor do que eu acho. E isto não é pessoal. Felicito-o por tudo o que conseguiu no Real Madrid e na seleção. Tiro o chapéu à sua carreira e rendimento no geral. Toni é um grande e elegante jogador. Mas a sua prestação no Europeu foi dececionante, não conseguiu liderar a equipa“.
“Senti falta da paixão, do fogo e dos passes verticais. Tanto contacto com a bola não ajuda. É bonito de ver, mas não é efetivo. Os seus passes rasteiros e cruzamentos longos são como o seu cabelo: bonitos e limpos. Mas isso tira tempo e espírito ao jogo. Aconteceram demasiados passes horizontais e [Kroos] jogou muito atrás. Jogando com três centrais, não faz sentido”, acrescentou Matthäus.
Internacional alemão por 150 vezes, Matthäus destacou ainda, refletindo sobre algumas críticas que Kroos tem ouvido ao longo da carreira, como “relutância em correr riscos”, que o médio do Real Madrid “não assumiu responsabilidades”.
“Os passes longos podiam também ser feitos por Ginter ou Hummels. Kroos não assumiu responsabilidades. Também lhe faltou convicção. A sua resignação põe fim a perspetivas de futuro”, frisou o ex-jogador sobre Kroos, campeão do Mundo em 2014 que se retirou agora da equipa alemã aos 31 anos.