Estamos habituados a que os defesas italianos durem uma eternidade no futebol e Giorgio Chiellini é “mais um” que vai ao longo dos anos acrescentando o seu nome à lista. Aos 36 anos, o jogador chegou provavelmente ao maior feito da sua carreira, levantando, como capitão da seleção de Itália, a taça de campeão da Europa.

É a última imagem que fica do Euro 2020, mas não é apenas do bravo, duro e vencedor Chiellini que os adeptos se vão lembrar. Que dizer da meia-final com a Espanha e do momento com Jordi Alba? No momento da escolha de baliza para os penáltis, o italiano apareceu com uma boa disposição contagiante, brincando com o espanhol, que não achou lá muita piada à situação num episódio que viria depois a ser desvalorizado pelo transalpino.

Chiellini foi tudo isto durante o Euro 2020. Temerário, forte, lutador, líder e um verdadeiro capitão de equipa. E não foi uma das notícias mais badaladas do mundo do futebol, mas a verdade é que o capitão da Itália levantou a taça estando… sem clube. Por mais que, nos últimos anos, a história de Chiellini se cruze, obviamente, com a da Juventus, o contrato que terminou em junho ainda não foi renovado com a equipa onde está desde 2005. Ainda assim, e de acordo com informações da imprensa italiana, tudo aponta para que faça mais um ano em Turim.

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Começando a ser mais ou menos claro essa hipótese de ter mais uma época na Juventus, aos 36 anos, e acabado de levantar um grande troféu, não está muito esclarecido o que vai acontecer na seleção, na qual já fez 111 jogos. Destes jogos, muitos foram em Europeus (final perdida em 2012), Mundiais e demais competições relevantes para o futebol. Sempre, ou quase sempre, sem deixar nada em campo. Esta noite também deu tudo o que tinha e saiu vencedor de Wembley, num estádio que “inaugurou” ao serviço dos sub-21 italianos, em 2007. “Agora, vamos de férias juntos e vou convencer o Chiellini a continuar até o próximo Mundial”, disse Bonucci.

Mas Chiellini não é só taças, Itália, futebol. e Juventus. Nem é só curioso no que à academia diz respeito. O defesa, que queria estudar medicina antes de o futebol lhe trocar as voltas aos estudos, decidiu voltar à secretária da escola mais tarde. Graduado em Economia é ainda mestre na área da gestão de empresas, terminando em 2017 com sucesso o mestrado na Universidade de Turim. Tanto que, durante a pandemia, foi ele que esteve em diálogo com a administração da Juventus para estudar a melhor fórmula de “abater” os prejuízos nessa fase.

Em Io (a sua autobiografia) é sem surpresa que se lê que a “parte mais importante do jogo” de Chiellini é a capacidade mental de se antecipar ao avançado adversário. Aquilo que se espera de um defesa italiano, portanto. E é aqui que voltamos à eternidade. A verdade é que Chiellini não é eterno, mas as imagens a levantar a taça (ganha com a tal capacidade mental) e os sentimentos por elas causados em todos os italianos são certamente.