A Rede Portuguesa de Envelhecimento Ativo e Saudável — RePEnSA entrega esta segunda-feira um Plano de Ação à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, para promover o envelhecimento saudável e ativo até 2030.

O conjunto de medidas propostas pelos quatro centros de referência do envelhecimento ativo e saudável do país (Porto4Ageing, Ageing@Coimbra, Lisboa AHA e Algarve Active Ageing) que vão integrar a RePEnSA, rede que será formalizada também esta segunda-feira, visa aumentar o número de anos com qualidade de vida da população portuguesa.

Uma das propostas, expõe à Lusa o presidente do Algarve Biomedical Center, que integra o Algarve Active Ageing (centro de referência do Algarve), Nuno Marques, chama-se “Casa + Adaptada” e parte do princípio de que “é necessário ver as condições de habitação dos idosos para estas serem adaptadas à necessidade de cada um” de modo a “promover a sua autonomia”.

Este trabalho, defende, tem de ser feito de forma articulada, envolvendo atores locais, nomeadamente os “municípios e freguesias“. Também os Serviços de apoio à Longevidade e à Vida Autónoma — SALVA, pretendem proporcionar uma maior qualidade de vida dos idosos e autonomia no seu próprio ambiente.

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Estes serviços de apoio domiciliário devem “ser feitos por equipas multidisciplinares — técnicos de terapia ocupacional, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais — no terreno para fazer planos individuais” para a prestação de cuidados diferenciados e para a manutenção da autonomia dos utentes, frisa Nuno Marques.

Outra proposta do Plano de Ação é a implementação do programa “Empreendedorismo Sénior” que quer apoiar a ideação, projeção, planeamento e execução de pequenos negócios para cidadãos com mais de 60 anos de idade através da sua capacitação “Este programa pretende desenvolver a “economia grisalha” que vai ter um grande impacto económico nos próximos anos“, afirma Nuno Marques.

E porque “as pessoas ao longo da sua vida vão perdendo algumas capacidades e necessitam de ter os seus locais de emprego adaptados para se conseguir maximizar a sua capacidade produtiva”, a RePEnSA quer apoiar esta transição gradual junto das empresas. Esta transição, que Nuno Marques diz que também beneficiará os empregadores, implicaria “uma diminuição da carga horária ao longo do tempo” de serviço enquanto se aproveitariam “os conhecimentos” de quem já tem muita experiência.

Os centros de referência da RePEnSA têm como objetivo “preparar a população para o envelhecimento“, bem como ajudar os mais velhos “a ter maior qualidade de vida” e “promover a sua autonomia“, através de trabalho de intervenção junto da comunidade e de parceiros como as Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSS), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e os municípios.

Helena Canhão, Coordenadora do Lisbon Active Healthy Ageing (AHA) e professora da Universidade Nova de Lisboa, um dos parceiros deste centro de referência, lembra, em declarações enviadas à Lusa, que “os Centros de referência do European Innovation Partnership on Active and Healthy Ageing são uma iniciativa da Comissão Europeia e visam oferecer soluções criativas e viáveis que melhorem a vida e a saúde dos idosos e de toda a comunidade”.

“A RePEnSA assume a missiva da responsabilidade que a Academia tem, perante a população, de propor um plano de ação independente, centrado nas necessidades da população atual, mas preparando igualmente para o que será a nova geração de idosos. Tem ainda em conta o aumento muito significativo da proporção de população idosa face ao grupos etários mais jovens, nomeadamente os em idade ativa, promovendo soluções que garantam a sustentabilidade do SNS e das estruturas de apoio social, sem colocar em causa o dever cívico e ético do acesso dos mais jovens a uma das maiores conquistas da constituição portuguesa: o direito à proteção social, seja ela por motivos de doença ou diminuição da capacidade de trabalho, viuvez e orfandade, desemprego ou outras situações de diminuição da capacidade de subsistência”, refere a coordenadora do AHA.