O músico Tito Paris atua a 28 de novembro, no Campo Pequeno, em Lisboa, estreando “um espetáculo em que reúne os seus amigos de sempre”, anunciou esta quarta-feira a promotora.
Intitulado “O Melhor de Tito Paris & Amigos”, o espetáculo é “uma coleção de todos os êxitos da carreira de Tito”, que já soma 33 anos, segundo a promotora Everything is New. Os nomes com os quais o músico cabo-verdiano irá partilhar o palco lisboeta não são ainda adiantados.
A carreira a solo de Tito Paris teve início em 1987, com o álbum “Fidjo Maguado” (“Filho Magoado”), seguiram-se outros, alguns com o selo da discográfica norte-americana MB Records, tendo realizado uma digressão de promoção da sua música e de Cabo Verde, pelo mundo inteiro.
Ainda na década de 1980, a edição em ‘bootleg’ de um concerto seu, em Lisboa, vendeu “mais de 150.000 cópias”, segundo uma biografia do músico, publicada pela extinta promotora Platina. Em 2001, este registo foi masterizado e editado em CD.
Em meados da década de 1990, Tito e a sua banda gravaram “Dança ma mi criola”, que se tornou num dos seus temas emblemáticos. Embalado neste sucesso gravou, em 1996, “Graça de tchega” e, em 1998, “Ao vivo no B. Leza”, bar lisboeta dedicado aos ritmos cabo-verdianos.
O músico, natural do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de S. Vicente, de seu nome de registo Aristides Paris, de 58 anos, começou por tocar violão, depois baixo, bateria, seguindo-se outros instrumentos, incluindo o cavaquinho cabo-verdiano.
Em 1982, o cantor Bana (1932-2013), a mais internacional voz cabo-verdiana até então, convidou-o para fazer parte da sua banda.
O músico norte-americano David Byrne incluiu-o na coletânea “Afropea”, e a crítica francesa salientou, a propósito, a sua voz de “rara suavidade” e o seu jeito de “guitarrista experimentado”.
Paralelamente, em 1985, produziu o primeiro álbum de Cesária Évora, para quem compôs “Regresso”.
Em 2002, saiu o seu álbum “Guilhermina”, ao qual se seguiu “Tito Paris ao vivo na Aula Magna”, que incluiu três temas gravados em estúdio.
Ao longo de mais 30 anos de carreira, Tito Paris trabalhou, entre outros, com Dany Silva, Paulino Vieira, Paulo de Carvalho, Celina Pereira, Vitorino, Mariza e Boss AC.
Portugal reconheceu o seu papel artístico na criação de pontes entre os países lusófonos e, em 2017, o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou-o com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
Na biografia publicada em 2003, referia-se que, “tal como ao porto do Mindelo faziam escala os barcos de todo mundo com os seus ritmos e sonoridades, a música de Tito Paris está profundamente enraizada na tradição musical cabo-verdiana, mas respirando outras sonoridades venham elas da contra costa africana, do outro lado do Atlântico ou do hemisfério norte, sempre arrebatada pela saudade insular que se sente quando interpreta um funaná ou uma coladera, mas também com ânsia de um som novo, da descoberta de novas harmonias”.