Só esta quarta-feira, 546 jovens foram vacinados contra a Covid-19 na Região Autónoma da Madeira, 478 através da iniciativa casa aberta, no Funchal, modalidade que dispensa marcação prévia. O arquipélago madeirense é a única região do país onde os maiores de 12 anos já estão a ser vacinados. No continente, a Direção Geral de Saúde deu luz verde, esta terça-feira, apenas à vacinação de jovens com comorbilidades, devendo a sua vacinação começar no final de agosto.

No total, segundo fonte oficial do Governo Regional, a Madeira já vacinou 2.226 jovens, dos 12 aos 17 anos, entre 31 de julho e 4 de agosto, informação que é enviada semanalmente para a DGS. Um deles, foi o filho de Rubina Spínola, um jovem de 14 anos que estava ansioso por poder ser vacinado. “Correu bem, demorou um bocadinho porque estava muita gente no centro de vacinação, mas as pessoas foram muito atenciosas”, conta a mãe ao Observador. No seu caso, foi o adolescente quem pressionou a família para ser vacinado.

“Eu e o pai já temos as duas doses, penso que isso o influenciou. Perguntei-lhe se tinha a certeza e ele insistiu. Queria muito ser vacinado antes de regressar às aulas, para voltar o mais rápido possível à normalidade. Sente falta do desporto e do convívio com os amigos”, conta Rubina. Efeitos secundários não sentiu, nem sequer a picada no braço quando a agulha entrou. Agora, em casa de Rubina Spínola fica a faltar o filho mais novo, de 8 anos, que os pais pretendem vacinar assim que chegar a sua vez.

O entusiasmo de Rubina Spínola e do filho não é exceção. O diretor regional de Saúde da Madeira, Herberto Jesus, esteve no Funchal a acompanhar o dia de vacinação. “O que vemos aqui é muito entusiasmo e a sensação de libertação. Os pais estão felizes, as dúvidas que têm são lineares e temos uma equipa no atendimento pronta para lhes tirar todas as dúvidas.”

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Depois da aprovação da Agência Europeia do Medicamento, que deu luz verde aos medicamentos da Pfizer e da Moderna para maiores de 12 anos, e da experiência dos Estados Unidos onde mais de 9 milhões de adolescentes foram vacinados sem problemas, Herberto Jesus diz que não havia motivo para não avançar.

“É importante termos quotas de imunização e isso, para além da evidência científica, era mais um passo a nosso favor para avançarmos. Sabemos que há sempre o risco de um jovem infetado evoluir para ser um doente de Covid longa e não queremos ter jovens doentes toda a sua vida”, argumenta ao Observador.

Para além disso, lembra que os adolescentes têm uma grande mobilidade e são, na sua maioria, assintomáticos. “Não vacinando estes jovens, estamos a criar reservatórios do vírus e não podemos deixar que isso aconteça”, sublinha Herberto Jesus.

Na Madeira, lembra o diretor regional de Saúde, a vacina é voluntária e os jovens devem ir acompanhados dos seus pais. De resto, esta é mais uma medida pró-ativa tomada no arquipélago, onde as anteriores, defende, têm corrido bem.

Os países que têm muitos peritos demoram muito tempo a decidir e o vírus adora esses países. Aqui temos uma missão: salvar a Madeira. Mesmo que técnicos e políticos nem sempre concordem, acabam por, no final, falar a uma só voz e isso dá confiança às pessoas.”

A adesão dos 12 aos 17 anos tem sido massiva, embora esta quarta-feira a adesão tenha sido mais a conta-gotas. Efeitos adversos graves não foram registados, apenas algumas reações vagais, como desmaios devido à ansiedade. O motivo de a adesão ser menos? Herberto Jesus pensa que estará relacionado com o facto de os pais terem de ir trabalhar. Com a medida casa aberta a funcionar tão bem, a decisão foi alargá-la, explica ao Observador. A partir de agora, em todos os concelhos, e para todas as idades acima dos 12 anos, será possível ser vacinado sem marcação.

“Temos de atuar rápido, não é possível, em emergência, estar semanas para tomar decisões e na Madeira queremos ter as quotas de vacinação o mais rápido possível. O futuro dirá quem tomou boas ou más decisões.” Apesar disso, defende que deveria haver mais equidade na vacina a nível mundial, caso contrário, “corre-se o risco de ter gaiolas douradas na Europa”, enquanto, nos países em desenvolvimento, o vírus está a ganhar terreno, aparecendo novas mutações. “É uma luta contra o tempo”, conclui o diretor regional da Saúde da Madeira.