O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) vai realizar no domingo eleições primárias internas para eleger os candidatos que vão representar o chavismo nas eleições regionais e municipais, em 21 de novembro.

Para as “Eleições Primárias Abertas” (EPA) do PSUV estão convocados os 30 milhões de eleitores venezuelanos, incluindo os mais de 8 milhões inscritos no partido, e o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) prevê habilitar 5.108 centros eleitorais.

A imprensa local dá conta que mais de 100.000 cidadãos se candidataram às EPA do PSUV, de onde vão sair os candidatos a presidente de 335 municípios e os governadores de 23 estados (regiões administrativas) do país.

Mas a imprensa também avança que, durante a campanha eleitoral para as EPA, que terminou na quinta-feira, vários candidatos terão incumprido as normas de segurança da Covid-19, permitindo aglomerações de pessoas e mau uso de máscaras.

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Por outro lado, através das redes sociais, circularam, nas últimas semanas, vídeos de protestos de militantes do PSUV por não poderem formalizar as suas candidaturas e, inclusive, algumas denúncias de alegadas manipulações das inscrições.

Perante esta situação, o vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, que é tido como o segundo homem mais forte do chavismo, chegou mesmo a “exigir, de maneira muito firme, que os aspirantes a cargos de eleição popular” fizessem “uma campanha chavista”, sem ofensas, ataques ou acusações contra os companheiros.

As divisões no partido só se tornaram mais percetíveis, considera o professor de Ciência Política da Universidade Simón Bolívar, Daniel Varnagy.

Segundo refere, essas divisões já existem desde a criação do PSUV (em 2007, para juntar as forças políticas que apoiam o chavismo) entre um setor vinculado “à esquerda radical”, um de “boliburgreses” (burgueses bolivarianos) e outro de um grupo mais conciliador ou liberal. Os três têm distintas visões do legado do falecido Presidente e fundador do partido, Hugo Chávez Frias, que liderou o país entre 1999 e 2013.

Entre os casos mais visíveis está o do governador de Cabobo (150 quilómetros a leste de Caracas), Rafael Lacava, que causou incómodo no chavismo ao substituir os “olhos de Hugo Chávez”, durante a campanha eleitoral, por “um morcego” (o seu símbolo pessoal).

Entre os incomodados esteve o ex-ministro de Comércio Exterior e Investimento Internacional José Vielma Mora, que espera governar aquela região venezuelana.

Em Barinas, terra natal de Hugo Chávez, Argenis Chávez, irmão do falecido líder socialista, e um sobrinho que tem o mesmo nome, disputam a candidatura regional.

As divisões políticas dentro do PSUV, segundo os analistas, ganharam visibilidade porque “a sociedade está mais cansada, extremadamente empobrecida e chateada”.

Alguns políticos conhecidos do chavismo decidiram acatar as ordens da direção do PSUV de não se candidatarem, entre os quais se conta o governador do estado de Miranda Héctor Rodríguez.

O próprio vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, apelou aos chavistas para permanecerem unidos e participarem em massa nas EPA.

“Nós chegámos a este processo unidos e devemos avançar muito mais unidos ainda, que este processo não gere diferenças irreconciliáveis”, disse à televisão estatal venezuelana.

A apresentação de candidaturas, do chavismo e da oposição, para as eleições municipais e regionais de 21 de novembro, está marcada para entre 09 e 29 de agosto, sendo que no domingo, 26 de setembro, terá lugar um simulacro das eleições a nível nacional.

A campanha eleitoral começará em 28 de outubro e terminará em 18 de novembro.

O setor da oposição venezuelana aliado a Juan Guaidó ainda está dividido quanto à participação nas eleições de novembro.