Outubro de 2004. Com 17 anos, a viver na Catalunha desde os 13, Lionel Messi estreou-se em jogos oficiais pela equipa principal do Barcelona contra o Espanyol. Lançado por Frank Rijkaard, holandês que atirou os blaugrana novamente para o topo do futebol mundial depois de um início de milénio muito complicado, Messi começou a escrever um capítulo que se prolongou durante mais de 20 anos. Nas costas, levava o número 30. O mesmo número 30 que escolheu para iniciar uma nova página.

Afinal, naquela altura, o número 10 do Barcelona estava entregue a Ronaldinho, que ao longo foi um verdadeiro mentor para Messi. O argentino fez as duas primeiras épocas em Camp Nou com a camisola 30 e só em 2008 é que assumiu o 10 que se tornou uma verdadeira imagem de marca — depois de o brasileiro sair do clube, depois de já se ter afirmado como uma das grandes figuras dos catalães e depois de também ter utilizado o 19 ao longo de dois anos.

Com a ida de Lionel Messi para Paris, a curiosidade sobre o número que o argentino ia usar nas costas da camisola foi um dos primeiros tópicos a saltar para o topo da lista de prioridades. Afinal, feitas as contas, o 10 já era de Neymar e o 7 já era de Mbappé, o que deixava o argentino sem grande margem de manobra para assumir um dos dois números associados às grandes estrelas sem deixar ou o brasileiro ou o francês sem a própria imagem de marca. Segundo a imprensa espanhola, Neymar colocou a camisola 10 à disposição, até por ser um amigo muito próximo de Messi, mas o agora antigo capitão do Barcelona recusou. Recusou e optou pelo 30 — um regresso às origens que deixa o número associado a dois momentos capitais da história do futebol moderno.

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Ora, ainda assim, a escolha do jogador argentino teve de ser aprovada pela Liga de Clubes francesa, já que o regulamento da Ligue 1 deixa explícito que as camisolas 1, 16 e 30 estão reservadas para os três guarda-redes de cada plantel. No PSG, o 30 era até aqui de Alexander Letellier, o teórico terceiro guardião dos franceses que nunca se estreou pela equipa principal. O problema foi ultrapassado por uma autorização especial da Liga francesa, que permitiu a exceção e proporcionou a Messi voltar a jogar com outro número que não o 10 pela primeira vez em mais de uma década.

“Estou a viver uma nova experiência mas o futebol é igual em todo o lado”. As primeiras palavras de Messi como jogador do PSG

A camisola do argentino, com um simples “Messi” nas costas e o respetivo número 30, foi colocada à venda nas primeiras horas desta quarta-feira — e pela módica quantia de 115 euros. Nada que tenha sido um impedimento para os adeptos do PSG, já que as camisolas de Messi esgotaram nas lojas oficiais do clube francês no espaço de uma hora. Um feito sem precedentes e que supera o de Neymar, cujas camisolas esgotaram ao fim de um único dia em 2017, quando o brasileiro também trocou o Barcelona pelos parisienses. Também já esta quarta-feira, o clube anunciou que já estão totalmente vendidos os bilhetes para o jogo do próximo sábado, contra o Estrasburgo e a contar para a segunda jornada da Ligue 1, ainda que seja desde já certo que Messi ainda não vai realizar nesse dia a estreia pelo PSG.