Para uma transferência de um dos melhores jogadores da história, para uma transferência do capitão de um dos maiores clubes do mundo, para uma transferência de alguém que estava no mesmo sítio há 20 anos, até aconteceu tudo bastante rápido. O Barcelona anunciou que Lionel Messi não poderia ficar na Catalunha na quinta-feira, o próprio Lionel Messi confirmou a abordagem do PSG no domingo, a oficialização aconteceu na terça-feira e a apresentação na quarta. Em seis dias, simplesmente, o futebol enquanto o conhecíamos mudou. 

Ver Messi com uma camisola do PSG tem vários fatores de estranheza. E nem sequer é só pela troca do número 10 pelo 30, pela ausência das riscas blaugrana e a presença do azul parisiense ou pela falta de uma braçadeira com as cores da Catalunha no braço esquerdo. Ver Messi com uma camisola do PSG é vê-lo, pela primeira vez, a defender um clube, uma cidade e uma comunidade que não Barcelona. É vê-lo, pela primeira vez, a ter de confirmar noutro sítio tudo o que fez nas últimas duas décadas. E é vê-lo, pela primeira vez, a procurar um espaço à medida num balneário recheado de personalidades fortes onde a sua ainda não é a mais cimentada.

Lionel Messi já foi oficializado no PSG. Vai vestir a camisola 30 e ganhar 35 milhões por ano

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Esta quarta-feira, no Parque dos Príncipes, Lionel Messi foi apresentado enquanto novo jogador do PSG. Um PSG que já tinha contratado Gianluigi Donnarumma, Sergio Ramos, Achraf Hakimi e Wijnaldum e que provou ser o único clube do mundo com capacidade financeira para abordar o argentino assim que o Barcelona anunciou que este não poderia permanecer em Camp Nou. Acompanhado pela mulher, pelos três filhos e por Nasser Al-Khelaifi, o presidente do PSG, o jogador argentino entrou na sala de imprensa — totalmente lotada com a presença de 100 jornalistas, sendo que outros 100 assistiram à conferência através de um ecrã gigante num anexo e outros tantos nem sequer conseguiram acreditação.

“Estou muito feliz. A minha saída do Barcelona foi muito dura, foram muitos anos, é difícil esta mudança depois de tanto tempo. Mas agora, chegado cá, a felicidade é enorme. Quero que tudo isto passe rápido para começar já a treinar. Obrigada ao clube, a todos. Desde o dia em que saiu o comunicado do Barça que foi tudo fácil e rápido e em pouco tempo”, começou por dizer Messi, naquelas que foram as primeiras palavras enquanto jogador do PSG. “Tenho intacta a vontade de continuar a ganhar. Este clube é ambicioso, vejo a equipa técnica e o plantel e estamos prontos para lugar por tudo. Venho aqui para este clube para isso. Obrigada também aos adeptos, esta receção tem sido uma loucura desde o primeiro minuto”, acrescentou o argentino.

O agora antigo capitão do Barcelona assinou pelo PSG por dois anos, até 2023 e com a opção de um terceiro ano, e vai ganhar 35 milhões por época em Paris. Ainda assim, Messi deixou claro que não irá estrear-se já no próximo sábado, na segunda jornada da Ligue 1 e contra o Estrasburgo, já que precisa de “fazer uma pré-temporada sozinho”. “Venho de um mês parado. Ontem falei com a equipa técnica e seguramente terei de fazer uma pré-temporada sozinho. Oxalá seja o mais cedo possível porque tenho muita vontade, mas não posso ainda dizer quando é que vou estrear-me”, disse, ainda que vá ser oficialmente apresentado aos adeptos no relvado do Parque dos Príncipes este fim de semana.

“Tudo o que aconteceu esta semana foi duro e rápido. E emocionante, porque não posso deixar para trás tudo o que vivi e passei. Mas agora estou maravilhado com esta nova etapa que tenho para viver com a minha família. Passaram-me muitos sentimentos pelo corpo em tempo recorde, ninguém está preparado para viver isto tão de repente”, atirou o argentino, que assumiu a responsabilidade de ir atrás da Liga dos Campeões mas lembrou que “é possível ter uma grande equipa e não ganhar a Champions”. “É uma competição onde estão os melhores, é preciso ter um grupo unido e forte, como creio que é este balneário. E depois é preciso ter sorte, claro. Nem sempre ganha o melhor, é um torneio especial e é isso que o torna tão importante. Disse sempre que o meu sonho era voltar a ganhar a Liga dos Campeões e creio que estou no sítio adequado”, explicou Messi, que aos 34 anos tem quatro troféus da liga milionária no palmarés.

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Na apresentação, o argentino lembrou que tem “vários conhecidos” no balneário do PSG e que esse fator acabou por ser bastante importante na hora da decisão.“Tanto o PSG como eu buscávamos os mesmos objetivos e oxalá possamos alcançá-los juntos. Conheço o Neymar, o Di María, o Paredes… Tenho muitos amigos aqui dentro”, disse, acrescentando que o clube impulsionou o crescimento da liga francesa com a contratação de “grandes jogadores” e antecipando um eventual reencontro com o Barcelona na Liga dos Campeões. “Pode acontecer… Toda a gente sabe o carinho e o amor que tenho pelo clube, onde estive desde pequeno. Será sempre a minha casa e logo vemos se nos cruzamos na Europa. Seria estranho voltar a Camp Nou com outra camisola mas isto é futebol e pode acontecer”, afirmou, referindo também que será “uma loucura” dividir o ataque com Mbappé e Neymar.

“Disse ao Leonardo [diretor desportivo] que queria que a minha família estivesse bem e cómoda aqui em Paris. Estou a viver uma nova experiência mas o futebol é igual em todo o lado. No balneário tenho muitos amigos e de certeza que vão ajudar-me a adaptar-me rápido. Estou preparado a nível desportivo e a nível familiar. Paris é uma cidade espetacular e estamos tranquilos e felizes agora”, explicou Messi já na reta final da apresentação, que acabou com aplausos dentro da sala de imprensa do Parque dos Príncipes. Nasser Al-Khelaifi, por seu lado, ainda deixou a garantia de que a contratação do argentino não significa que Mbappé vai sair e que o negócio “seguiu as regras do fairplay financeiro”. Depois da conferência, Messi ainda deu os primeiros passos no relvado do estádio do PSG e subiu a um palanque, no exterior do recinto, para cumprimentar todos os adeptos que ali esperaram durante horas para o conseguirem ver durante alguns segundos.