António Costa afirmou em entrevista ao Expresso que o PS terá facilidade em encontrar sucessores para a liderança do partido. O primeiro-ministro defendeu que os novos dirigentes políticos do PS seguirão a mesma agenda que ele por ser orientada por preocupações transversais aos membros do partido: o desafio demográfico, alterações climáticas, o combate às desigualdades, a inovação e qualificações como motores do desenvolvimento.
O líder do Executivo atirou para 2023 a decisão de continuar ou não à frente do Partido Socialista, mas só depois de uma reflexão interior, com a mulher e com o próprio PS. E sem tabus, garantiu: “Até agora acho que nunca me enganei nas decisões que tomei sobre se devia ou não concorrer, desde à Câmara de Loures, a Lisboa ou a primeiro-ministro. Espero em 2023 não me enganar”, disse ele ao Expresso.
Quanto ao presente, questionado sobre mudanças no Governo, além da já prevista saída da atual secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Costa reitera que não há nenhuma remodelação no horizonte. “As remodelações fazem-se quando são necessárias, não propriamente quando os comentadores ou as sondagens o dizem.”
António Costa considerou “empolgante” o exercício da governação nos tempos que correm e admitiu que, no dia em que deixar a liderança do Executivo, o país continuará governável porque “ninguém é insubstituível”. “O país já tinha quase 900 anos quando me tornei primeiro-ministro e há de viver muitos outros depois de eu ser primeiro-ministro”, considerou o líder governamental em entrevista ao Expresso.
O socialista antecipa alterações partidárias após as autárquicas este ano — porque “todas as eleições têm consequências nas vidas dos partidos”, embora Costa não preveja condicionamentos na sua própria liderança —, mas só encontra um “pântano” no horizonte: o da direita, por estar “fragmentada, sem liderança, sem propostas para o país, sem ser capaz de apresentar uma ideia consistente ao país”.
António Costa remete para a direita qualquer reflexão sobre se um Governo nesse espectro político pode sobreviver sem uma coligação com o Chega, até porque qualquer teoria é difícil de formar: “É muito difícil olhar para a direita e tentar perceber o que quer que seja. Quando o líder da oposição se apresentou como querendo disputar o eleitorado do centro ao PS e, agora, o que disputa é o eleitorado à direita com o Chega, é muito difícil tentar perceber qual o sentido estratégico da direita portuguesa”, rematou ao Expresso.