O Planalto – Festival das Artes volta, na próxima semana, a animar Moimenta da Beira, propondo seis dias de programação que junta a difusão de artistas emergentes à apresentação de artistas conceituados de várias áreas.
Esta será a segunda edição do festival, que teve início em 2019 e que pretende continuar o seu percurso pela democratização e o acesso à cultura num território de baixa densidade.
“É um programa multidisciplinar que não se centra apenas numa lógica de apresentar uma programação artística e cultural. Queremos sentir o pulso de quem aqui vive e deixar que essas pulsações alimentem o caminho com que vamos desenhar o futuro deste projeto”, explica o diretor artístico e de programação, Luís André Sá.
Entre segunda-feira e 04 de setembro, será possível conhecer o trabalho de vários artistas nas áreas da dança, do teatro, da música, do cinema, das artes visuais e da performance. O programa inclui também ‘workshops’, conversas, aulas, caminhadas culturais, projetos de mediação cultural e de ecologia.
“Tanto queremos proporcionar a fruição e o acesso a uma programação cultural de elevada qualidade, como pensar em intervenções específicas, muitas vezes até de cariz social, em que sabemos que estamos a dar um contributo claro à comunidade e do qual o próprio festival poderá beneficiar muito no futuro”, refere Luís André Sá, acrescentando que “só faz sentido se for para fazer com as pessoas”.
Esta edição do Planalto conta com a estreia de dois novos programas: o Neblina (de participação artística e de mediação cultural) e o Arte Pública.
Segundo a organização, “será através destes dois programas que o festival continuará a desenvolver pontes de diálogo com organismos locais, regionais, nacionais e internacionais”, e também desenvolverá “um roteiro a médio prazo que crie um museu a céu aberto em coabitação com a paisagem”.
“Ao todo, serão 31 propostas que se desenvolvem sobre uma curadoria em torno do encontro, da sustentabilidade e da paisagem. Um programa que envolve públicos e participantes dos 03 aos 89 anos, criando diálogos intergeracionais que ativem a participação de toda a comunidade”, sublinha.
A organização aponta a presença da coreógrafa Tânia Carvalho, “considerada como um dos nomes mais promissores da dança europeia”, e da dupla Sofia Dias & Vitor Roriz como dois dos pontos altos do programa.
O diretor artístico considera que esta será “uma oportunidade única para ver ou rever ‘Síncopa’, um dos projetos mais vigorantes da carreira de Tânia Carvalho, coreografado e dançado pela própria’, e a dupla Sofia Dias e Vitor Roriz, com “a remontagem de ‘Um gesto que não passa de uma ameaça’, um dos mais premiados e viajados projetos, que celebra este ano dez anos da sua estreia mundial”.
O bailarino Filipe Pereira, o artista Tiago Cadete, a pianista Joana Gama, a harpista espanhola Angélica Salvi e a cantautora brasileira Labaq também apresentarão os seus trabalhos em Moimenta da Beira.
“Um dos projetos mais especiais desta edição está a cargo do artista urbano mynameisnotSEM. Desafiado pelo festival a deixar de lado a parede e as latas de spray, o artista tem estado, desde 2020, a desenvolver ateliês de cerâmica e de pintura, numa parceria local com a Artenave Atelier (instituição de apoio à deficiência)”, avança a organização, acrescentando que, deste projeto, “resultará um painel de 880 azulejos, integralmente pintado pelos utentes”.
No âmbito de um protocolo estabelecido com a Companhia Nacional de Bailado, a solista Isabel Galriça coordenará um ‘workshop’ intensivo com dez bailarinas locais para promover o ensino profissional da dança, uma atividade que terá apresentação pública na manhã do último dia de festival.
No total, o festival ocupará 14 espaços, entre palcos improvisados, monumentos, praças, terreiros, prados, parques e espaços naturais.
“Evidenciamos e damos a viver essa riqueza patrimonial, seja ela natural ou edificada. Tanto estamos sobre o ambiente intimista do Convento da Nossa Senhora da Purificação, num concerto da harpista espanhola Angélica Salvi, como, na manhã seguinte, ao raiar do sol, estamos no meio de um prado junto às encostas da Serra de Leomil, numa aula de Chi Kung. Acreditamos muito que esta identidade poderá criar uma geografia sentimental em quem nos visita”, refere Luís André Sá.
Mas, segundo a organização, o festival “vai muito além da programação de espetáculos, concertos ou exposições”.
Um dos exemplos disso é a Floresta Planalto, um projeto que, em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, permitirá, após o festival, a plantação de mil árvores autóctones de cinco espécies em vias de extinção, como o carvalho negral, o teixo, a tramazeira, o azevinho e a azinheira.