Portugal está disponível para receber muito mais do que 50 cidadãos do Afeganistão, o número inicialmente indicado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva. Em resposta à Rádio Observador, o Alto Comissariado para as Migrações refere que, até ao momento, “disponibilidade de acolhimento de mais de 300 cidadãos, distribuídos pelo país”, lê-se na nota que indica também que 840 famílias portuguesas se mostraram disponíveis para ser famílias de acolhimento.

No que diz respeito ao acolhimento de famílias afegãs além da lista prioritária, o ACM está a mapear então a capacidade de resposta da rede de parceiros e entidades de acolhimento, tendo recolhido até ao momento a disponibilidade por parte de mais de uma dezena de entidades. É o caso  da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, CM Sintra, CM Fundão, CM Lisboa, Cruz Vermelha Portuguesa, Conselho Português para os Refugiados, ADOLESCER, ENTREMUNDOS, Púcura de Barro, Fios e Desafios, FISOOT Lda., e Centro Social Soutelo. Desta forma, o ACM diz ser possível acolher mais 300 cidadãos afegãos em Portugal.

“Estão a ser desenvolvidos todos os esforços de preparação para a chegada dos cidadãos afegãos a território nacional, em estreita colaboração com estes parceiros, tendo o ACM promovido reuniões de acompanhamento, visitas aos alojamentos e atualização diária das disponibilidades demonstradas”, referem em resposta à Rádio Observador.

Tendo em conta também as manifestações de interesse de outras organizações da sociedade civil em dar o seu contributo para apoiar nesta emergência humanitária, o Alto Comissariado criou um formulário para o registo da colaboração disponível seja como entidade de acolhimento, como entidade parceira ou como dinamizadores de medidas de integração. Desse formulário foram recebidas 31 respostas de organizações e entidades que demonstraram disponibilidade para apoiar. Um outro formulário público foi divulgado para cidadãos individuais e, em três dias (de 17 a 20 de agosto), registou a disponibilidade de 840 famílias portuguesas para acolher refugiados, 350 podem ceder alojamentos, 4666 responderam a doações de bens essenciais, 941 asseguraram apoio psicológico e 1611 apoios sociais.

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Neste momento, o ACM diz que está a analisar cada uma das candidaturas — com critérios semelhantes aos dos Programas de Reinstalação e Recolocação —, análise essa que prevê um questionário mais intensivo para conhecer melhor as tipologias de alojamento e as respetivas famílias. Não há ainda calendário para a chegada de afegãos a Portugal, nem números exatos de pessoas a serem efetivamente acolhidas e onde, sendo que esses dados serão “divulgados oportunamente”, diz o ACM.

Quanto à lista já identificada de 116 cidadãos afegãos, o ACM diz que estão a “ser desenvolvidos todos os esforços para retirar as pessoas que constam da lista prioritária, por terem trabalhado diretamente para as forças nacionais destacadas (FND) no Afeganistão”. A prioridade será dada a todos os que colaboraram, por exemplo, como intérpretes e aos que colaboraram com a embaixada da União Europeia em Cabul , mas também os estiveram com a força nacional no quadro da NATO. Portugal também tem capacidade para receber afegãos através das Nações Unidas.

O Alto Comissariado tem também recebido pedidos de acolhimento dirigidos diretamente a Portugal, por individuais e grupos profissionais mais vulneráveis como é o caso de jornalistas, mulheres juristas, estudantes ou ativistas de direitos humanos.

Notícia atualizada às 14h30 com a informação de que serão mais de 300, e não 400 como tinha sido avançado inicialmente, os refugiados que Portugal tem capacidade para receber.