Eduardo Ribeiro, dirigente do Sindicato dos Transportes Rodoviários Urbanos do Norte (STRUN), revelou esta quinta-feira que uma proposta de aumento da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) dos 15 para os 30 euros colocará fim à greve.

“Nós estabelecemos um patamar mínimo para haver entendimento, que passa por eles dobrarem dos 15 para os 30 euros de aumento salarial e se assim for terminamos a contestação amanhã [sexta-feira]”, frisou o dirigente sindical, em declarações à margem de uma manifestação que decorre à porta da Câmara do Porto, o maior acionista do conselho de administração da STCP.

Em greve até sábado reivindicando “aumentos salariais juntos” e contestando os 15 euros avançados pela STCP, os trabalhadores mudaram-se esta quinta-feira à tarde dos locais de piquete para a frente da autarquia, onde querem entregar uma missiva ao presidente da câmara, Rui Moreira.

“Estamos hoje aqui perante o maior acionista da empresa, a Câmara do Porto, que tem cerca de 53 ou 54% das ações da empresa e é bom que justifique a inércia por parte do conselho de administração”, disse Eduardo Ribeiro.

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Questionado sobre o comunicado desta quinta-feira da STCP, em que defende ter tomado “as medidas necessárias para pôr termo a um clima de medo raramente visto na empresa”, o sindicalista devolveu as insinuações.

Considerando que comunicado “é para amedrontar os trabalhadores”, acrescentou o sindicalista que a sua publicação esta quinta-feira mostra que “o medo está do lado deste conselho de administração”.

“Quando querem fazer crer que 87% dos trabalhadores aderiram à proposta miserável de atualização salarial miserável de cerca de 15 euros é pura mentira, pois 20% nem sequer são sindicalizados”, continuou o dirigente sindical

E prosseguiu: “se assim é, eles [administração da STCP] que digam porque é que a maioria dos trabalhadores estão em contestação, e já vamos no terceiro dia”.

No comunicado, a administração STCP rejeita também ser “instrumentalizada por qualquer ação que extravase as preocupações específicas dos serviços que presta às populações, afastando-se de todos e quaisquer possíveis aproveitamentos de caráter político eleitoral decorrentes da manifestação”, afirmação que levou também troco de Eduardo Ribeiro.

“Não me venham dizer que há razões políticas, que é a CGTP que está a servir outros interesses, porque a adesão extravasa muito os filiados no sindicato”, reiterou.

E continuou: “se querem resolver o conflito, a bem dos utentes, a bem da paz social no serviço que é prestado que se cheguem à frente e se dignem a chamar o sindicato”.

Eduardo Ribeiro revelou ainda que a manter-se o impasse até sábado, irão “dar prazo um prazo razoável para que o conselho de administração chame os acionistas e os obrigue a participar naquilo que é a sua obrigação que é sentarem-se à mesa e tentarem conseguir concertação a sério”.

“Se não houver abertura para nos chamar e fazer contrapropostas hoje, em plenário de trabalhadores, vamos debater a possibilidade de nova jornada de luta para setembro”, acrescentou.

E de uma adesão grave que segundo o sindicalista continua a “rondar os 80%”, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, presente na manifestação disse tratarem-se de “trabalhadores altamente qualificados, com uma profissão difícil e de desgaste muito grande”.

“Estes trabalhadores estão aqui a mostrar que não baixam os braços e que exigem ser tratados com dignidade (…) com um aumento de salários que reponha as suas condições de vida e não a miséria que a empresa está a colocar em cima da mesa”, acrescentou.

Na defesa destas reivindicações, realizaram-se já duas paralisações, nos dias 13 e 20 deste mês, com adesões próximas dos 80%, segundo o coordenador do Sindicato dos Transportes Rodoviários Urbanos do Norte (STRUN).

No primeiro dia de greve, em 13 de agosto, registaram-se alguns incidentes entre trabalhadores, que motivaram a intervenção policial, tendo a STCP iniciado um processo de averiguações.

“Iniciou-se um processo de averiguações face à ocorrência verificadas, que dará origem, se for esse o caso, às consequentes responsabilizações”, esclarece à administração da empresa em comunicado enviada à Lusa, no passado dia 20.

Para a STCP, “importa assegurar que o exercício do direito à greve respeite igualmente o direito a trabalhar, sem coações e sem medo. Do mesmo modo, devem repudiar-se sabotagens e danos ao material circulante”.

O Sindicato dos Transportes Rodoviários Urbanos do Norte (STRUN) desvalorizou, também em declarações à Lusa, os incidentes que marcaram o primeiro de vários dias de greve na Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), negando propósitos de impedir o trabalho de motoristas não aderentes à paralisação.

A PSP informou ter sido chamada a intervir no dia 13 de agosto, em incidentes separados junto a duas estações de recolha da STCP, no Porto, envolvendo motoristas em greve que não quereriam deixar sair autocarros conduzidos por não aderentes à paralisação.

Os protestos foram convocados pelo Sindicato dos Transportes Rodoviários Urbanos do Norte para os dias 13, 20, 26 e 27, deste mês, entre as 00:00 e as 02:00 do dia seguinte.

A gestão da operadora de transportes urbanos do Porto é, desde o início do ano, assumida pelos municípios do Porto, Gaia, Gondomar, Matosinhos, Valongo e Maia.