A peça “O Cerejal” de Anton Tchékhov encenada por Tiago Rodrigues, que se estreou no festival d’Avignon com a atriz francesa Isabelle Huppert no elenco, a reposição (para o próximo verão) de “Catarina e a Beleza de Matar Fascistas”, também de Tiago Rodrigues, e um conjunto muito alargado de estreias de peças nacionais e internacionais marcam a programação da próxima temporada do Teatro Nacional D. Maria II, que começa este mês e termina em julho do próximo ano.

O programa previsto prevê ainda um regresso de Eunice Muñoz ao Teatro Nacional D. Maria II, para celebrar os 80 anos passados (de carreira) desde que se estreou neste palco, e uma nova colaboração com o Teatro Maria Matos intitulada “D. Maria Matos”, que faz com que peças anteriormente exibidas no TNDMII transitem para este teatro de concessão privada. A primeira a ser apresentada no Maria Matos no âmbito desta colaboração será “Última Hora”, de Rui Cardoso Martins (texto) e Gonçalo Amorim (encenação).

A peça “O Cerejal”, encenada por Tiago Rodrigues e com a atriz Isabelle Huppert no elenco (© Christophe Raynaud de Lage – Festival d’Avignon)

De “Andy” de Gus Van Sant a “O Cerejal” e “Juventude Inquieta”: o que será possível ver

A temporada, a última programada por Tiago Rodrigues enquanto diretor artístico do D. Maria II — será substituído por Pedro Penim, que começa a trabalhar em novembro — começa com o já anunciado espectáculo “Andy”, um musical inspirado no percurso do artista Andy Warhol e e a primeira criação teatral do cineasta norte-americano Gus Van Sant. A estreia mundial é em Lisboa, no TNDMII, entre 23 de setembro e 3 de outubro.

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Na sala Garrett, a programação do Teatro Nacional D. Maria II prossegue com “O Cerejal” (Tchékhov) encenado por Tiago Rodrigues e previamente apresentado no festival d’Avignon, que pode ser visto de 9 a 10 de dezembro, com “Juventude Inquieta”, peça de Joana Craveiro e da companhia Teatro do Vestido a partir do romance “A Cidade das Flores” de Augusto Abelaira (de 16 a 31 de outubro) e com a comédia “O Inesquecível Professor” de Pedro Gil (11 a 20 de novembro).

“O Silêncio e o Medo”, de David Geselson (© Simon Gosselin)

Segue-se depois a exibição, entre 6 e 8 de janeiro, de “O Silêncio e o Medo” do francês David Geselson, uma peça que estabelece uma ponte entre a biografia da cantora, compositora e ativista Nina Simone e a luta pelos direitos civis nos EUA.

Poderão ainda ser vistas as peças “Ilhas”, criação do Teatro Meridional com encenação de Miguel Seabra (13 a 23 de janeiro), “Paraíso”, encenada por João Brites e Teatro O Bando a partir de “A Divina Comédia” de Dante Alighieri (10 a 20 de fevereiro), “Lisbon, My Lisbon!” , uma peça do congolês Faustin Linyekula que mostra Lisboa da perspetiva de uma série de visitantes que ali não nasceram mas que residem na cidade (3 a 13 de março), e ainda “Cornucópia”, com direção de Jorge Andrade e companhia Mala Voadora (17 a 20 de março).

“Ilhas” marcará o regresso da companhia Teatro Meridional ao D. Maria II, alguns anos depois do último “encontro” (@ Ricardo Reis)

Da programação faz ainda parte a ambiciosa “Os Lusíadas como nunca os ouviu”, uma leitura integral e de memória com dez horas de duração da obra clássica de Luís Vaz de Camões por António Fonseca (26 de março) e “Orlando”, uma peça com texto de Cláudia Lucas Chéu e direção de Albano Jerónimo que faz uma ponte entre a obra ficcional de Virginia Woolf e o massacre LGBT na cidade de Orlando, EUA, em 2016,

A aclamada “Bacantes, prelúdio para uma purga” de Marlene Monteiro Freitas será reposta e poderá voltar a ser vista entre 13 a 14 de abril, tal como poderá ser vista a peça “Saigão” de Caroline Guiela Nguyen, que foi apresentada na última edição do festival d’Avignon. Uma encenação de “Espectros” de Henrik Ibsen por Nuno Cardoso (28 de abril a 8 de maio) e “Cosmos”, de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema (23 de junho a 3 de julho) também fazem parte da programação.

O trio responsável pela criação da peça “Aurora Negra”, apresentada há um ano no D. Maria II, irá mostrar agora “Cosmos” (@ Filipe Ferreira)

Nas restantes salas serão apresentados espectáculos como “Silêncio”, de Cédric Orain e Guilherme Gomes (29 de setembro a 10 de outubro), “Pranto de Maria Parda”, peça com texto e encenação de Miguel Fragata a partir de Gil Vicente (25 de outubro a 5 de novembro), “Off” de Jorge Andrade e Mala Voadora com Chris Thorpe (2 a 19 de dezembro), “Maráia Quéeri” de Romeu Costa e Marta Carreiras (10 de fevereiro a 6 de março), “Esta É a Minha História de Amor” de André Amálio e Tereza Havlicková / Hotel Europa (17 de março a 10 de abril), “Ainda Marianas” (21 de abril a 8 de maio), “Outra Língua”, “O Tartufo” de Molière por Tónan Quito (22 a 26 de junho) e “Another Rose”.

O Teatro Nacional D. Maria II receberá ainda, na próxima temporada, o Festival de Almada (14 a 17 de junho), o Festival Panos Online, o programa de espectáculos para a infância “Boca Aberta”, o Alkantara Festival, o novo festival Feminist Futures e o Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, entre outras propostas.

A peça “Pranto de Maria Pradas” inspira-se num texto de Gil Vicente (© Pedro Macedo)

Como um desafio de António Costa originou uma peça

Na apresentação daquela que será a última temporada programada por si enquanto diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues defendeu que a programação “acaba por de alguma forma encapsular algumas das linhas fundamentais do trabalho de programação que vimos tentando fazer”.

Tiago Rodrigues vincou que o programa inclui leituras, quer mais clássicas quer mais arrojadas, de clássicos, relacionando isso com “a missão consagrada na lei” que atribuiu ao D. Maria II o papel de um “teatro de memória” que respeita o “património dramaturgo” e “o património literário” — e exemplificou, lembrando que a temporada tem peças e apresentações inspiradas em Gil Vicente, Luís Vaz de Camões, Anton Tchékhov, Eurípides e Dante Alighieri.

O diretor artístico cessante do TNDMII contou ainda a história da origem da peça “Esta é a Minha História de Amor”, revelando que começou com “um desafio lançado pelo primeiro-ministro, António Costa, a diretores artísticos de teatros nacionais”. Para “celebrar o aniversário do 25 de abril de 1974”, a direção do teatro desafiou a companhia Hotel Europa “a criar um filme em que atores interpretavam, cantando e interpretando em texto, histórias de casais que se tinham conhecido na clandestinidade”.

“Esta é a minha história de amor”, da companhia Hotel Europa — um resultado de um desafio lançado aos criadores pelo primeiro-ministro António Costa para comemorar o 25 de abril, relativo às relações na clandestinidade (@ Hotel Europa)

Sobre o regresso de Eunice Muñoz ao Teatro Nacional D. Maria II, disse Tiago Rodrigues: “Está a ser preparada uma coisa que é fundamental, na medida do possível e esperando que a fortuna nos acompanhe: podermos ter em novembro a Eunice Muñoz a subir ao palco da Sala Garrett, exatamente 80 anos depois de o ter feito pela primeira vez. É raríssimo que um artista possa celebrar 80 anos de carreira e ainda mais um artista com este calibre e com esta importância que tem, para esta casa e para a cultura deste país”.

De Rodrigues para Penim: “Pedro, não podia estar mais feliz — tenho enorme confiança”

Percorrendo longamente as propostas de espectáculos da próxima temporada, destacando e falando detalhadamente das peças que a compõem, Tiago Rodrigues defendeu que entre outras coisas tentou ao longo destes anos que o TNDMII fosse “um teatro aberto ao mundo” e em diálogo com o país, atento às comunidades descentralizadas.

Na parte final da apresentação, Tiago Rodrigues agradeceu “com profunda emoção” a todos os trabalhadores do Teatro Nacional D. Maria II, “ao público”, a todos aqueles com quem pôde colaborar ao longo dos anos em que teve o cargo de diretor artístico e “aos muitos parceiros, públicos e privados, que permitem que continuemos a desenvolver cada vez mais um serviço público”.

O próximo diretor artístico do Festival d’Avignon dirigiu-se ainda ao sucessor Pedro Penim, que o ouvia na assistência: “Quero deixar uma palavra de confiança, esperança e amizade ao Pedro Penim. Não podia estar mais feliz com a extraordinária escolha do futuro da direção artística do TNDMII. Tenho enorme confiança no que vai acontecer a partir dos próximos meses”.

Continuando a comentar a escolha do sucessor, Tiago Rodrigues dirigiu-se-lhe diretamente: “Há uma equipa que depositará toda a confiança em ti, Pedro. Desejo-te maiores felicidades. Como sabes estou cá para ajudar em tudo o que for preciso em qualquer momento”. E acrescentou: “Para mim, esta é já uma temporada marcada pela esperança que esta mudança permite”. Mais tarde, já em declarações aos jornalistas, defenderia:

“O Pedro deve entender o projeto do D. Maria como está, interpretando a missão do D. Maria consagrada na lei tal como está escrita — e depois exercer a sua grande margem de liberdade. O TNDMII pensado pelo Pedro Penim é aquilo que queremos todos descobrir daqui para a frente. Espero que a herança lhe seja uma inspiração e não um obstáculo ou um peso”.

O coro de elogios na saída: “Caminho singular, longo, ambicioso, eclético”

Pode dizer-se que Tiago Rodrigues sai de cena com um coro afinado de elogios. O Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II, por exemplo, apontou ter sentimentos ambivalentes relativamente à saída: por um lado, um grande “orgulho pelo notável reconhecimento internacional” de Rodrigues, por outro “tristeza por termos de o deixar partir” para assumir a direção artística do Festival d’Avignon.

Queremos agradecer o empenho, a entrega, o frenesim, a gargalhada, a determinação e teres marcado indelevelmente todas e todos os que marcaste ao longo destes últimos anos”, referiu a presidente do conselho de administração Cláudia Belchior, que aproveitou para ler o nome de toda a equipa permanente de trabalhadores do teatro como agradecimento pelo esforço feito durante a pandemia.

Já a ministra da Cultura, também presente na cerimónia de apresentação da programação para a próxima temporada, elogiou a “postura” de “comprometimento com o seu tempo” evidenciada por Tiago Rodrigues nas suas funções de diretor artístico. Graça Fonseca quis ainda vincar características como “capacidade de construir pontes, muitas vezes até destinos bem longínquos” e “o caminho singular, longo, ambicioso, eclético” do vencedor do Prémio Pessoa 2019.

O reconhecimento internacional e um percurso firmemente ancorado no mundo, não apenas em território nacional, certamente contribuíram para que Tiago Rodrigues saia de cena sem que se oiçam críticas (antes pelo contrário) à sua direção artística — mas não explicam inteiramente porque é tão consensual.

Talvez a explicação para os elogios resida na capacidade que Tiago Rodrigues teve, enquanto encenador de peças, diretor artístico e programador do Teatro Nacional D. Maria II, de fazer conviver discursos e reflexões contemporâneas com uma sobriedade clássica, com uma forma de fazer teatro que convida o espectador a ir entrando subtilmente no desconhecido sem o atirar para lá violentamente no primeiro ato — no fundo, pela promoção de um teatro inclusivo, apelativo até pelos protagonistas que dele se acercam, que rejeite as velhas dicotomias entre a ideia de um modelo fácil e gasto e um modelo de experimentação extrema, radicalmente afastada de todas as convenções clássicas.

No final de uma conversa com jornalistas, e quando se falava sobre a parceria com um teatro de concessão privada (o Maria Matos) para que a vida de peças exibidas no D. Maria II se prolongue além do prazo previsto, Tiago Rodrigues defenderia, aliás, que a barreira que se imagina existir entre “o teatro de autor, ou público, e o teatro comercial, ou privado, é completamente absurda”.

Notaria mais: que se o teatro de experimentação mais de nicho (pelo arrojo da sua proposta) pode ser indispensável, porque existe nesse campo “trabalho artístico absolutamente relevante” em Portugal, também deve haver espaço para “o teatro do grande público, para as obras que têm adesão muito mais alargada de espectadores por estarem mais próximas de um conceito de teatro popular — que aliás me apaixona muito”.

Talvez por Tiago Rodrigues, enquanto diretor artístico, ter encontrado uma forma de articular esses dois tipos de propostas no D. Maria II, não abdicando de nenhuma mas insistindo na criação de público para espectáculos apelativos a um público vasto— fosse pelas discussões que os mesmos se propunham fazer, fosse pelos criadores ou intérpretes — sem premissas básicas ou fórmulas excessivamente repetidas, Tiago Rodrigues sairá do TNDMII com mandatos memoráveis.

O que faltou: mais “diversidade” nos artistas e mais sucesso a combater a precariedade

Já depois da apresentação, questionado pelos jornalistas sobre o que sentia que ainda faltara fazer ao serviço do D. Maria II desde que assumira funções, Tiago Rodrigues apontou: “Na questão diversidade parece-me que muito está por fazer na cultura portuguesa, nas instituições, na sociedade, no país”.

Ao longo dos últimos anos, referiria o ainda diretor artístico, a atenção esteve sobretudo orientada para “trabalhar a acessibilidade junto do público”, garantindo que o público de teatro e do D. Maria II se tornavam mais vastos e menos geograficamente centralizados — e que acediam a um leque mais diverso de histórias.

Ficou a faltar “trabalhar mais a acessibilidade, a diversidade e a inclusão junto dos artistas”, apontou Tiago Rodrigues — ou seja, garantir a diversidade daqueles que escrevem, interpretam e contam as histórias em palco. “Ainda demasiadas vezes são sempre os mesmos e as mesmas a contar as histórias”, acrescentou.

Em termos da diversidade de género dos artistas que se apresentaram ao longo dos últimos anos no Teatro Nacional D. Maria II houve avanços significativos, defendeu Tiago Rodrigues — dando números para o comprovar: “Em 2011, salvo erro 10% dos artistas que dirigiam ou escreviam espectáculos para o TNDMII eram mulheres; em 2019 já era quase 50%.

Existe ainda, porém, um caminho por fazer junto de “artistas negros e negras”, não só nos “palcos do teatro mundial e português” como em “lugares de destaques de outras áreas: em toda a cultura, na economia, na indústria, na agricultura…”, elencou Tiago Rodrigues.

Nas instituições culturais temos a responsabilidade de ser pioneiras nessa área. Esta temporada temos muitos artistas negros, tanto intérpretes como criadores de espectáculos. É um trabalho que ainda está por completar e fazer mas já pudemos ouvir algumas palavras do Pedro Penim sobre a pluralidade de contadores de histórias que quer ter”, notou.

Outro dos aspetos em que Tiago Rodrigues gostaria de ter podido fazer mais era o combate à precariedade do setor, disse aos jornalistas: “Fica por fazer algo pelo qual nos batemos desde o início de 2015, e muito durante a pandemia, mas que é essencial que continue a ser perseguido: a substancial e fundamental melhoria das condições de quem trabalha em teatro em Portugal”.

O ainda diretor artístico do D. Maria II defendeu que “o setor independente — artistas, companhias — tem sido asfixiado nos últimos anos, voluntária ou involuntariamente pelos decisores políticos, por falta de meios e financiamento“. E se o Teatro Nacional lisboeta, público, “tentou contrariar” a tendência “de tratar a cultura e a criação artística como coisas acessórias”, em especial durante a pandemia, tal não foi suficiente para contagiar o setor.

Honrámos todos os compromissos que assumimos com artistas e técnicos, independentemente dos espectáculos terem sido feitos e apresentados ou não. Acho infame que existam instituições culturais públicas que não o tenham feito. Acho absolutamente infame e imperdoável e não esquecerei que isso aconteceu”, referiu.

Nos seus anos ao serviço do D. Maria II, Tiago Rodrigues garante ter-se batido sempre “pela melhoria das condições de quem trabalha em teatro” em Portugal. Hoje, admite que não chegou: “Aquilo que sonhava em 2015 não se cumpriu. Não estamos num país fundamentalmente melhor para os artistas como sonhava que poderíamos estar — nem que fosse por influência sistémica do D. Maria II, pelo exemplo dado, pela influência. Gostava que houvesse mais financiamento para artistas e companhias independentes, temos qualidade e diversidade mas depois as pessoas não têm capacidade para fazer o seu trabalho dignamente”.

“Nos primeiros tempos não haverá muitos artistas portugueses em Avignon”

Depois do Teatro Nacional D. Maria II, segue-se o Festival d’Avignon: uma das mostras de teatro mais importantes em todo o mundo, com 75 anos de história. Ou, nas palavras de Tiago Rodrigues, “um grande café, é assim que gosto de o imaginar”, como um espaço de conversa, de troca de ideias e de curiosidade, como “um dos mais se não mesmo o mais luminoso café da Europa”.

Tiago Rodrigues gosta muito de cafés. Até cita o crítico literário George Steiner: “Enquanto houver cafés, haverá Europa”. Do que não gosta é de falta de “pudor”, pelo menos na programação. Ele começa a explicar: ” Na direção artística do TNDMII defendi e trabalhei ativamente, com ferocidade, para impulsionar a internacionalização do teatro português”.

Enquanto esteve no D. Maria II, pelas “funções” e pelas “convicções íntimas” Tiago Rodrigues bateu-se para levar o teatro português para fora das fronteiras nacionais, para o inserir numa rede europeia e internacional. Agora, por reserva e “pudor”, quer deixar de se bater por isso. Como assim? “Quem me conhece saberá que nos primeiros tempos não haverá muitos artistas portugueses em Avignon, nem que seja por questão de pudor. Não sou o agente português do festival, sou diretor de festival. A minha nacionalidade e conhecimento do teatro português não vão determinar programação do festival”.

Admitindo que o festival atépossa “incluir artistas portugueses”, Tiago Rodrigues vinca: nos “primeiros tempos” terá “muito cuidado” e pensará “várias vezes” antes de chamar ao festival artistas nacionais ou radicais em Portugal. Até para benefício dos próprios, defende: “Não quero que esses artistas sejam vistos pelo público como presenças no Festival d’Avignon graças à minha nacionalidade. Posso garantir que quando  os artistas portugueses estiverem em Avignon, ninguém se vai lembrar que o diretor do festival é português — toda a gente vai apaixonar-se pelos espectáculos”.