Diário, o livro mais pessoal e também mais universal de Witold Gombrowicz, vai ser publicado pela primeira vez em Portugal. Com edição da Antígona, sairá em dois volumes, o primeiro deles a ser lançado ainda este ano, em novembro. O segundo sairá em 2022.
Considerado a grande obra-prima de Gombrowicz, nome grande da literatura polaca e europeia do século XX, Diário é, nas palavras da sua viúva e executora literária, Rita Gombrowicz, uma “autobiografia em movimento, ensaio e obra de arte”. Repositório de experiências pessoais e testemunho de uma época, é um livro “incomparavelmente rico” que ocupa “um lugar único na literatura contemporânea”.
A primeira parte, a ser editada em novembro pela Antígona, relata a chegada do escritor à Argentina, em 1939, a bordo do transatlântico Chobry, e a surpresa do estalar da Segunda Guerra Mundial, que o obrigou a um exílio que acabou por durar mais de 20 anos. Isolado e com poucos recursos, foi em Buenos Aires que escreveu o grosso da sua obra, incluindo o seu famoso Pornografia, publicado em França em 1960 e considerado desde logo um clássico da literatura erótica.
Gombrowicz, que nunca mais voltou à Polónia, tendo morrido em Vence, no sul de França, em 1969, nunca viu o seu Diário ser publicado no seu país de origem. Proibido pelo regime comunista, o livro só teve edição polaca quase 20 anos após a morte do escritor, em 1986.
Esta é apenas uma das novidades da Antígona para os últimos meses do ano. Em outubro, a editora vai publicar As Transformações do Homem, obra de Lewis Mumford sobre a exposição do homem à tecnologia e ao progresso sem consciência; o romance Comboios Rigorosamente Vigiados, de Bohumil Hrabal; Viver a Minha Vida, da anarquista e feminista Emma Goldman; e Do Assassínio Como uma das Belas-Artes, um clássico do humor negro de Thomas de Quincey.
Nós, Refugiados / Para Lá dos Direitos do Homem, de Hannah Arendt e Giorgio Agamben, e Malina, de Ingeborg Bachmann, serão editados perto do final de novembro.
Artigo atualizado a 8/9/2021 às 10h48
