O alegado ataque homofóbico do último domingo no centro de Madrid foi, afinal, um ato consentido. O jovem de 20 anos corrigiu a declaração inicial e admitiu às autoridades espanholas que os ferimentos sofridos foram consensuais, escreve o El País.
Em causa estava a acusação de que teria sido agredido por oito indivíduos encapuzados à porta de casa, que com uma faca teriam gravado a palavra “paneleiro” numa das nádegas e deixado o jovem com um corte no lábio inferior — tudo se passara, alegadamente, na manhã de domingo na zona madrilena de Malasaña.
A polícia teve, desde o início, dificuldade em juntar todas as peças, com os vizinhos a não terem visto ou ouvido nada, mesmo tendo o suposto episódio acontecido à luz do dia. Foi precisamente perante a falta de provas que as autoridades insistiram num segundo depoimento.
Esta quarta-feira, aquando da segunda declaração, o jovem alterou a versão inicial: foi consentido e aconteceu em casa de outra pessoa com quem mantinha relações sexuais. Admitiu também que mentiu para manter o atual parceiro, que o convenceu desde logo a ir à esquadra denunciar o caso. A segunda declaração não só deixa a polícia sem caso, como pode deixar o jovem em maus lençóis, ao ser acusado de falso testemunho.
Corunha. Detidos três suspeitos do homicídio do jovem de 24 anos. Há suspeitas de homofobia
Perante a versão inicial deste jovem de 20 anos, referente ao episódio de domingo, Pedro Sánchez levou a indignação para o Twitter, onde escreveu: “O ódio não tem lugar na nossa sociedade”. O chefe do Governo espanhol condenou, assim, o alegado ataque e chegou a convocar uma reunião para discutir o assunto.
En nuestra sociedad no tiene cabida el odio. Mi rotunda condena a este ataque homófobo. No vamos a permitirlo. Seguiremos trabajando por un país abierto y diverso, donde nadie tenga miedo a ser quien es, en el que todos/as vivamos libres y seguros.
Mi cariño al joven agredido. https://t.co/YDjWENyeVa
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) September 6, 2021
Enquanto isso, associações do universo LGTBI também convocavam protestos, um deles para a noite desta quarta-feira, o qual a organização decidiu manter porque “nos últimos dias também aconteceram agressões em Toledo, Melilla, Castellón e Vitória”, tal como se lê num comunicado divulgado via Instagram.
A história surge dois meses depois do assassínio de um jovem homossexual, Samuel Luiz, espancado até à morte na Corunha (Galiza) num alegado ataque homofóbico, que fez com que milhares de pessoas saíssem às ruas de várias cidades espanholas em protesto.