O alegado ataque homofóbico do último domingo no centro de Madrid foi, afinal, um ato consentido. O jovem de 20 anos corrigiu a declaração inicial e admitiu às autoridades espanholas que os ferimentos sofridos foram consensuais, escreve o El País.

Em causa estava a acusação de que teria sido agredido por oito indivíduos encapuzados à porta de casa, que com uma faca teriam gravado a palavra  “paneleiro” numa das nádegas e deixado o jovem com um corte no lábio inferior  — tudo se passara, alegadamente, na manhã de domingo na zona madrilena de Malasaña.

A polícia teve, desde o início, dificuldade em juntar todas as peças, com os vizinhos a não terem visto ou ouvido nada, mesmo tendo o suposto episódio acontecido à luz do dia. Foi precisamente perante a falta de provas que as autoridades insistiram num segundo depoimento.

Esta quarta-feira, aquando da segunda declaração, o jovem alterou a versão inicial: foi consentido e aconteceu em casa de outra pessoa com quem mantinha relações sexuais. Admitiu também que mentiu para manter o atual parceiro, que o convenceu desde logo a ir à esquadra denunciar o caso. A segunda declaração não só deixa a polícia sem caso, como pode deixar o jovem em maus lençóis, ao ser acusado de falso testemunho.

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Perante a versão inicial deste jovem de 20 anos, referente ao episódio de domingo, Pedro Sánchez levou a indignação para o Twitter, onde escreveu: “O ódio não tem lugar na nossa sociedade”. O chefe do Governo espanhol condenou, assim, o alegado ataque e chegou a convocar uma reunião para discutir o assunto.

Enquanto isso, associações do universo LGTBI também convocavam protestos, um deles para a noite desta quarta-feira, o qual a organização decidiu manter porque “nos últimos dias também aconteceram agressões em Toledo, Melilla, Castellón e Vitória”, tal como se lê num comunicado divulgado via Instagram.

A história surge dois meses depois do assassínio de um jovem homossexual, Samuel Luiz, espancado até à morte na Corunha (Galiza) num alegado ataque homofóbico, que fez com que milhares de pessoas saíssem às ruas de várias cidades espanholas em protesto.