O líder do Partido Social Democrata alemão (SPD na sigla original) e atual ministro das Finanças, Olaf Scholz, soma e segue na campanha eleitoral para as eleições legislativas de 26 de setembro. Depois de uma recuperação impressionante ao longo dos últimos meses de campanha, Scholz foi considerado o vencedor do segundo debate televisivo da campanha — muito embora o adversário da CDU, Armin Laschet, tenha partido para o ataque.
A maioria dos espectadores, tanto da ARD (41%) como da ZDF (32%), consideraram que Scholz teve a melhor prestação no debate, de acordo com resultados divulgados pelas duas televisões no rescaldo do frente-a-frente que contou com a presença de Scholz e Laschet e também da líder dos Verdes, Annalena Baerbock. De acordo com o Financial Times, a última sondagem para as eleições, divulgada no passado domingo, coloca o SPD em primeiro lugar com 26% das intenções de voto, a CDU atrás com 21% e os Verdes com 16%, naquela que deverá ser a eleição mais competitiva dos últimos anos na Alemanha.
O debate foi marcado pela postura mais agressiva do democrata-cristão da CDU, Armin Laschet, que tentou ligar Scholz às recentes buscas feitas no ministério das Finanças alemão no âmbito de uma investigação ao departamento de combate à lavagem de dinheiro (FIU na sigla original). “Se o meu ministro das Finanças tivesse trabalhado como o senhor, teríamos tido um problema sério”, afirmou Laschet, citado pela Deutsche Welle. Scholz respondeu acusando o adversário de “desonestidade”, dizendo que o candidato da CDU estaria deliberadamente a tentar criar a imagem de que a investigação é ao ministério das Finanças, quando na realidade é apenas a um único membro do FIU.
Outro dos temas que dominou parte das atenções durante o debate foi a discussão sobre possíveis coligações de governo, com o SPD e os Verdes a serem questionados sobre a possibilidade de fazerem uma aliança com o partido de extrema-esquerda Die Linke. Baerbock sublinhou que considera que este é “um partido democrático” e recusou as equivalências com a Alternativa Para a Alemanha (AfD), de extrema-direita. Já Scholz evitou excluir uma coligação com o Die Linke, mas sublinhou que, consigo, “as relações transatlânticas, a NATO e a União Europeia” são essenciais — dando a entender que colocará a pertença nestas alianças como condição para formar governo com o partido de esquerda radical.
O Financial Times aponta ainda que Scholz e Baerbock defenderam alguns pontos em comum durante o debate, como o aumento do salário mínimo e a criação de um imposto sobre a riqueza. Laschet opôs-se firmemente a esta última proposta, dizendo que é contra qualquer aumento de impostos.
Com a saída de Angela Merkel da liderança da coligação CDU/CSU, os democratas-cristãos estão à beira de um dos seus piores resultados de sempre, caso as sondagens se confirmem. Armin Laschet não tem conseguido galvanizar os alemães, enquanto que Olaf Scholz tem conseguido capitalizar enquanto ministro das Finanças de Merkel e assumir-se como candidato da continuidade. Talvez por isto, a chanceler tenha participado numa ação de campanha recente de Armin Laschet e, como relembra a AFP, elogiou o candidato num discurso esta semana.
Este foi o segundo de três debates entre os principais candidatos ao lugar de chanceler. O último frente-a-frente terá lugar no próximo domingo, uma semana antes das eleições legislativas.