Pedro Gouveia Alves vai ser candidato a presidente da associação mutualista Montepio Geral, que tem eleições marcadas para o final do ano, noticiou esta segunda-feira o jornal Eco. Em 2019, Pedro Alves foi escolhido por António Tomás Correia e por Carlos Tavares para a presidência executiva do Banco Montepio – acabando por desistir após o Observador noticiar que estava sob investigação por parte do Banco de Portugal. Agora, salta para o topo da lista que já integrava (como candidato a um dos lugares de administrador) após dúvidas manifestadas pelos supervisores (confirmadas pelo Observador) sobre o percurso empresarial de João do Passo Vicente Ribeiro, o homem que tinha sido escolhido por essa lista para o lugar de presidente do conselho de administração.

A notícia do jornal Eco foi, momentos depois, confirmada por comunicado enviado às redações onde se formaliza “a desvinculação por parte do candidato e cabeça de lista João Vicente Ribeiro que, por razões supervenientes de ordem pessoal, ficou indisponível para participar nas referidas eleições”. O Observador sabe que João do Passo Vicente Ribeiro, um homem pouco conhecido no universo da Mutualista Montepio, decidiu sair após ter sido colocado em questão parte do percurso do empresário que esteve no BPN com Miguel Cadilhe – porém, as dúvidas dos reguladores estão relacionadas com a ligação do empresário de 73 anos à Oi/Pharol.

Ex-jornalista Fernanda Freitas e ex-BPN (com Cadilhe) em lista para o Montepio

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Com a subida de Pedro Alves, esta lista fica com um lugar vago que a lista terá de preencher a tempo de submeter o nome à avaliação da ASF, o supervisor dos seguros que está a avaliar previamente a idoneidade de todos os candidatos. Foi durante esse processo, aliás, que surgiram as dúvidas em torno de João do Passo Vicente Ribeiro.

Contactado diretamente pelo Observador, Pedro Alves não fez qualquer comentário. O gestor é, atualmente, presidente da Montepio Crédito mas, como o Observador noticiou em julho de 2020, o Banco de Portugal sinalizou à liderança do Banco Montepio que não veria com bons olhos uma nomeação para novo mandato nessa unidade especializada em crédito ao consumo. Mais de um ano depois, essa recondução continua sem ser formalmente proposta pela administração liderada pelo ex-presidente da CMVM Carlos Tavares.

E foi Carlos Tavares que, em 2019, acordou com Tomás Correia, o então presidente da associação mutualista Montepio – acionista controladora do Banco Montepio – que deveria ser Pedro Alves a assumir a presidência executiva da instituição financeira. As suspeitas do Banco de Portugal nunca se formalizaram porque Pedro Alves acabou por se retirar da candidatura à liderança do sexto maior banco português – e, sublinhe-se, eram suspeitas relacionadas com o período em que Pedro Alves ocupou lugares-chave na estrutura de Tomás Correia (quando ainda acumulava a presidência do banco, que teve de abandonar sob pressão do Banco de Portugal, com a liderança da mutualista, que manteve até 2019).

“Cosmética” de contas no Montepio e prémios para mascarar créditos. O relatório que trama Pedro Alves, nomeado presidente do banco

Na última sexta-feira, o Jornal Económico noticiou que Tomás Correia não apoia a lista que emergiu do seio do atual conselho de administração – embora seja o conselho de administração que “sobrou” quando Tomás Correia saiu um ano após ter sido reeleito. É uma lista liderada por Virgílio Lima, um histórico do Montepio que sempre trabalhou mais na área seguradora da instituição, mas uma lista que, no entanto, não inclui um dos atuais administradores – Luís Almeida, que o Observador descreveu em janeiro de 2020 como o operacional de Tomás Correia que liderou as operações suspeitas que, nessa altura, levaram a buscas ao Montepio.

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Tomás Correia disse ao Jornal Económico, em notícia publicada esta sexta-feira: “Com base no acompanhamento que faço da vida da associação através da informação pública e das notícias da imprensa, lamento não ter condições para dar o meu apoio à candidatura institucional”. E acrescentou: “Relativamente às outras candidaturas, não tenho informação suficiente que me permita vir a definir qualquer tipo de apoio”.

Além da auto-intitulada “lista dos quadros”, agora liderada por Pedro Alves, e da lista incumbente afiguram-se mais duas listas: uma liderada por Pedro Corte Real, um académico que conta no seu currículo, por exemplo, a presidência do Instituto de Informática da Segurança Social e a direção no INE (Instituto Nacional de Estatística) e que inclui o ex-administrador financeiro da mutualista Miguel Coelho (atual quadro do banco); e outra lista liderada por Eugénio Rosa, que inclui alguns nomes mais jovens como Ana Drago, ex-deputada do BE, e Tiago Mota Saraiva, militante do PCP.

As eleições para a maior mutualista do país, com mais de 600 mil associados, deverão ocorrer na primeira quinzena de dezembro – sendo estas eleições para o conselho de administração mas, ao mesmo tempo (e pela primeira vez), para a nova Assembleia de Representantes.