A poucos dias das eleições legislativas na Alemanha, e com milhares de eleitores a votarem por correio, as notícias falsas ganham impacto na campanha, com a candidata dos Verdes a ser a mais afetada.

De acordo com a organização não-governamental (ONG) Avaaz, de entre os principais candidatos a chanceler na Alemanha, Annalena Baerbock, que concorre pelos Verdes, reúne 71% das narrativas de desinformação e o candidato da União Democrata-Cristã, Armin Laschet, 29%.

Já Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), e que é o candidato mais bem colocado nas sondagens, parece escapar aos ataques.

“Há um grande desequilíbrio”, salientou o diretor da Avaaz Christoph Schott, comentando a análise de dezenas de incidentes identificados ou reportados pela ONG.

“É difícil perceber os motivos. Neste caso, Annalena Baerbock é uma mulher, é nova, quer uma mudança, talvez mais do que os outros candidatos. E, talvez por isso, enfrente uma maior resistência e haja interesse em espalhar informação falsa para que ela seja vista de uma outra forma”, revelou o diretor de campanha da Avaaz.

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Um estudo realizado pela plataforma de investigação YouGov, encomendado pela Avaaz, adianta que metade dos eleitores alemães já se deparou, pelo menos uma vez, com uma informação falsa relativa à candidata dos Verdes.

“Vemos que na Alemanha a desinformação tem ganho mais e mais espaço. Vemos especialmente desinformação em relação aos candidatos a chanceler, começando no Facebook, passando por outras plataformas. Chega mesmo às televisões. Muitas vezes é questionada ou rebatida, mas, até isso acontecer, muitas pessoas ficam com falsa informação”, constatou Christoph Schott.

Para a ONG, a solução passa pela imposição de regulamentação europeia, que obrigue à transparência e ao assumir de responsabilidades, muitas vezes por discursos de ódio que circulam nas redes sociais.

“As plataformas de social media, na Alemanha, não têm praticamente regulamentação, por isso é muito difícil perceber exatamente a quantidade e o alcance da desinformação. E muitas definem as suas próprias regras, o que torna complicado saber a quantas pessoas chega determinada desinformação”, lamentou.

Numa altura em que milhares de alemães votam por correio – é expectável que mais de metade dos eleitores opte por esta forma – as notícias falsas já deixaram marca.

“Acho que as informações falsas já tiveram consequências. Nos últimos meses, muitas conversas à volta dos candidatos têm sido sobre coisas muito específicas e pessoais. Agora, pouco a pouco, estão a centrar-se nas questões realmente importantes como as mudanças climáticas, digitalização, pandemia. Penso que agora os meios de comunicação se estão a focar nisso”, apontou o diretor da Avaaz.

Especialistas acreditam que, mesmo depois das notícias falsas serem rebatidas e denunciadas, permanecem dúvidas.

Pouco depois de apresentar a sua candidatura, Annalena Baerbock foi acusada, em publicações online, de querer proibir as crianças de terem animais de estimação em casa.

Os Verdes rapidamente denunciaram a informação como falsa, mas, meses depois, continuam a ser questionados sobre a sua veracidade.

Schott recomenda que antes de partilhar qualquer publicação, se olhe para ela, duas, três ou mais vezes.