Foi uma entrevista “a ferver”, atípica, mas não completamente inovadora. Inspirado no programa Hot Ones de Sean Evans transmitido no Youtube, Alexandre Poço, o candidato da coligação PSD/MPT a Oeiras, respondeu a algumas perguntas de Fernando Alvim, enquanto comia asas de frango picantes. Elogiou Rui Rio, descartou candidatar-se à liderança social-democrata e disse que, se não pudesse pertencer ao PSD, iria para a Iniciativa Liberal “moderar” o partido.
“Não é fácil”, reconhece Alexandre Poço sobre a possibilidade de não ser militante do PSD. “Teria de estar sempre num partido defendesse dois princípios que acredito muito”, diz, estabelecendo que a “liberdade dos cidadãos” e a “justiça social” são dois desses valores. “Encontro isso no PS”, começa por dizer, mas depois escolhe a Iniciativa Liberal, partido que ia “moderar” porque “sofre de um problema”: “Acha que todos nós nascemos na Lapa e no Estoril e que as pessoas pobres não se esforçam e que se todos trabalharmos podemos ser o Bill Gates”.
Em relação a Rui Rio, Alexandre Poço descreve-o como um “homem sério, que visa servir o serviço público e que tem tido uma missão espinhosa: construir uma alternativa a António Costa”. Diz também não ter ambições de liderar o PSD.
Já quanto à candidatura a Oeiras, o presidente da JSD admite que o “combate” é “difícil”. “Tenho o realismo de perceber que e uma eleição difícil, mas não é uma missão impossível”, afirma, indicando que “se jogam outras coisas”, como “o futuro de influenciar aquelas que são escolhas do município, que políticas é que serão decididas”. “Joga-se também a capacidade do que se constrói no concelho e aquilo que se decide avançar ou não avançar.”
Relativamente ao facto de Isaltino Morais ganhar várias vezes em Oeiras, Alexandre Poço diz que se deveu “à capacidade de transformar um município pobre, de passagem, num concelho de elevado bem-estar social”. “Isaltino foi o líder político da transformação”, assinala, apontando ainda “vários problemas” no concelho como o “trânsito e mobilidade” e as dificuldades em obter uma vaga para uma creche ou um lar.
Com uma campanha tão irreverente com ações como um salto de paraquedas ou cartazes inusitados, Alexandre Poço diz que se trata de “uma campanha que não é mais do mesmo”. “Não precisamos de usar os mesmos códigos de sempre que resultam numa indiferença generalizada”, sinaliza, acrescentando que prefere “fazer algo para incomodar e ter a certeza de que algumas pessoas querem saber”.
Questionado sobre se esta campanha poderia afetar a credibilidade da campanha, Alexandre Poço nega e vinca que a “democracia é uma coisa seria, as eleições são uma coisa séria e os partidos políticos são uma coisa séria”. “É possível ter humor na política, mas como é óbvio a política é um assunto sério”, sintetiza.