O negócio entre o FC Porto e o Sporting nas últimas horas do último dia do mercado de transferências foi uma das grandes surpresas desta janela. Não teve o impacto da saída de Nuno Mendes e a chegada de Pablo Sarabia a Alvalade, também consumada a 31 de agosto, mas trouxe um cenário que há muito não se via no futebol português, neste caso com atletas mais jovens ou da formação. Mas como teria sido possível acontecer, tendo em conta as relações mais frias entre os clubes, sobretudo entre ambos os presidentes?
Como o Observador explicou na altura, o empresário Jorge Mendes acabou por ser a chave do negócio. Ao saber da vida difícil que Rodrigo Fernandes teria na Academia em termos de afirmação e percebendo que Marco Cruz não estaria disponível a assinar contrato profissional com os dragões quando cumprisse os 18 anos, o agente propôs aos dois rivais uma troca que pudesse resolver ambos os problemas, havendo da parte dos azuis e brancos interesse em contar com o médio esquerdino dos leões e também interesse da parte dos lisboetas interesse em ficar com um jogador considerado o melhor da geração 2004 no Olival.
Os valores não são ainda conhecidos, por ter sido um negócio feito a 31 de agosto que entrará apenas no exercício de 2021/22 (ou seja, só haverá informação oficial e comunicada à CMVM no relatório do primeiro trimestre de atividade), mas FC Porto e Sporting resolveram possíveis “problemas” ou saídas a custo zero com a operação e ambos já se estrearam nas novas equipas: Rodrigo Fernandes leva dois jogos na Segunda Liga pela equipa B dos dragões (um como titular) diante de Mafra e Desp. Chaves, Marco Cruz estreou-se este sábado pela equipa Sub-23 dos leões frente ao Estoril como suplente utilizado. No entanto, esta não foi a primeira vez que aconteceu um negócio nestes moldes. Aliás, já antes tinha acontecido.
[Ouça aqui o Tie Break sobre as transferências de Rodrigo Fernandes e Marco Cruz]
O jornal Record teve acesso ao Relatório e Contas do exercício 2020/21 da SAD do V. Guimarães onde está registada a compra de dois jogadores da formação do FC Porto, Francisco Ribeiro e Rafael Pereira, por um montante total de 15 milhões de euros, numa operação que vai entrar nas contas de 2021/22 tendo em conta que as 21 compras de ativos reportadas agora tiveram agora um custo de apenas cinco milhões.
Francisco Ribeiro, médio de 18 anos, foi contratado por 11 milhões. Após ter feito todo o percurso na formação dos azuis e brancos desde as escolinhas, praticamente não jogou na última época entre juniores e equipa B, levando agora dois jogos na equipa B dos minhotos e outros tantos no conjunto Sub-23. Já Rafael Pereira, médio ofensivo de 20 anos, foi adquirido por quatro milhões. Ainda como Sub-10 trocou o Oliveira do Bairro do FC Porto, fazendo também todo o percurso nos azuis e brancos com uma passagem de um ano pelo Padroense e 12 jogos na equipa B em 2020/21 antes de reforçar a equipa B vitoriana.
No entanto, e à semelhança do que aconteceu com o Sporting, as saídas de Francisco Ribeiro e Rafael Pereira levaram à contratação de dois jogadores ao V. Guimarães por valores que ainda não são conhecidos por não ser público ainda o Relatório e Contas da SAD do FC Porto em 2020/21. Romain Correia, central de 22 anos que esteve cedido pelos minhotos aos espanhóis do Hércules na última época, e João Mendes, lateral esquerdo de 21 anos que passou por Amarante e Penafiel antes de jogar nos últimos três anos nos vitorianos, reforçaram os azuis e brancos e têm sido opção de António Folha na equipa B.