Os credores da Groundforce reúnem-se nesta quarta-feira, numa assembleia para deliberar sobre a recuperação ou liquidação da empresa, sendo que os administradores de insolvência estão a aconselhar a manutenção do grupo.

Num relatório, a que a Lusa teve acesso, os administradores de insolvência, Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell, defendem que “a posição que melhor acautelará o interesse dos credores” passa por “se deliberar no sentido da manutenção do estabelecimento em atividade, com a consequente suspensão da liquidação e partilha do ativo, e a concessão e prazo para que se possa ver apresentado um plano de recuperação”.

No relatório lê-se ainda que “só a manutenção da atividade e a preservação do emprego permitirá que não se perca todo o ‘know-how’ existente e que não se tornem exigíveis as indemnizações por cessação dos contratos de trabalho, o que, de ocorrer, levaria ao incremento dos passivos, em prejuízo da generalidade dos credores”.

Os administradores de insolvência alertam ainda para o facto de que, “por força da especificidade do negócio desenvolvido pela insolvente, o encerramento sempre redundaria em dificuldades sérias na gestão aeroportuária, com consequências nefastas que não se circunscrevem no perímetro dos diretamente envolvidos no presente processo e que poderiam prejudicar, em última instância, a imagem externa do nosso país”.

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A lista de credores da Groundforce, compilada durante o processo de insolvência, conta com 2.791 entidades, num total de mais de 154 milhões de euros, sendo que a TAP viu reconhecidos créditos de quase 19,7 milhões de euros.

Segundo a lista provisória de credores, a que a Lusa teve acesso, e que poderá ainda sofrer alterações, nomeadamente com a junção de novos pedidos, a dívida total, entre o que é reclamado e o que se encontra na contabilidade, ultrapassa os 154 milhões de euros.

Já o total de reclamado pelos credores ultrapassa os 137 milhões de euros, sendo que em vários dos credores não há reclamação da dívida, mas há um valor atribuído, que explica as diferenças destes números.

Entre os credores destaca-se a TAP, que pediu a insolvência da empresa de handling (assistência nos aeroportos em terra) e que submeteu várias reclamações, num total de cerca de 19,7 milhões de euros, por fornecimentos de bens e serviços, prestações de serviços, contrato de aluguer operacional, entre outros.

Também a ANA – Aeroportos de Portugal conta com um lugar de destaque entre os credores da Groundforce, com 12,6 milhões de euros em dívidas reconhecidas na lista.

O Estado também está a reclamar dívidas à empresa, com a Segurança Social a ver reconhecidos 10,4 milhões de euros, relativos a contribuições e a um apoio devido à Covid-19.

O BCP viu reconhecida uma dívida de mais de dois milhões de euros, montante semelhante ao pedido pela seguradora Fidelidade.

A maioria dos credores tem créditos laborais, de acordo com a lista, ou seja, são trabalhadores.

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa decretou no dia 4 de agosto a insolvência da SPdH (Groundforce), anunciou a TAP, que tinha feito um requerimento nesse sentido, no dia 10 de maio.

A insolvência da Groundforce deverá interferir, ou pelo menos atrasar a venda das ações que o Montepio detém na empresa, como resultado do incumprimento de uma dívida por parte do principal acionista da empresa de ‘handling’, a Pasogal, de Alfredo Casimiro.

O Governo estava à espera do resultado desta venda antes de avançar com outra solução, que passará por uma “mudança acionista indispensável para a viabilização da empresa”, segundo um comunicado divulgado em 21 de julho.