Apesar de ter morrido em abril deste ano, a memória do duque de Edimburgo permanece tão atual que esta quarta-feira à noite, na televisão britânica, estreia um documentário sobre a vida daquele que foi o consorte mais longevo da história. Emitido pela BBC One, a ideia original era celebrar a chegada do príncipe Filipe aos 100 anos, mas a morte do marido da rainha Isabel II implicou alterações. Agora, o novo documentário que conta com a participação de vários membros da família real — mas não de Meghan Markle ou Kate Middleton — revela detalhes que ajudam a compreender o homem que sempre esteve ao lado da monarca: a começar pelo escritório simples e imaculado.

O escritório no Palácio de Buckingham foi, efetivamente, o epicentro da vida profissional do duque durante décadas e também o local onde conservou lembranças do casamento com a monarca, escreve o The Telegraph. Descrito como “uma sala muito prática sem enfeites”, a secretária em si é equiparada à ponte de comando de um navio, dado o rigor das coisas, pelo príncipe André, duque de York. E é por lá que se encontra uma moldura dupla com assinatura Fabergé que contém fotos de Jorge VI do Reino Unido e da mulher, um presente dos pais de Isabel II no dia do casamento, em 1947. Também no parapeito da janela é visível uma estátua de bronze da rainha em cima de um cavalo no desfile Trooping the Color, um trabalho da escultora Doris Lexey Margaret Lindner.

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As câmaras tiveram ainda acesso à biblioteca do duque e ao escritório particular — e é neste último, denominado “Pine Room”, que é possível avistar um quadro de Alexander Talbot Rice, conhecido retratista da sociedade inglesa, que mostra o duque numa carruagem e em competição, mas destaque também para o modelo da embarcação Bluebottle. Alexandra McCreery, arquivista do duque, assinala que os elementos essenciais num escritório estavam sempre a uma curta distância do príncipe, o que mais uma vez mostra o seu sentido prático. “Era uma forma muito eficiente de trabalhar.”

Mas além do ambiente profissional, há memórias partilhadas pelos netos, que não raras vezes ouviam o avô gritar no escritório a propósito de um novo portátil ou por causa da impressora. “Tenho recordações dele comprar um novo portátil ou uma nova impressora, de estar sentado no escritório e de o ouvir gritar com isso. Não conseguia imprimir ou não conseguia fazer isto… Ele amava tecnologia e amava gadgets, mas era sempre muito divertido vê-lo a tentar descobrir como funcionavam”, comenta Peter Phillips. Já a irmã, Zara Tindall, assegura que os netos tentavam sempre oferecer a Filipe novos gadgets e que muitas vezes, depois de os examinar, este exclamava: “Bem, isto é só estúpido”.

Entre as memórias partilhadas pelos restantes membros da família que participam no documentário há de tudo um pouco, com William a lembrar a partida favorita do avô — que consistia em pedir aos netos que segurassem uma embalagem de mostarda entre as mãos sem a tampa para, depois, apertá-la — ou Carlos a recordar como o pai inventava “jogos tontos”. Já a princesa Ana opta por contar como o duque ensinou os quatro filhos a guiar desde muito cedo, mas também a nadar e a velejar (sem deixar de lado as histórias para adormecer).

Filipe e Isabel gostavam quando as coisas corriam mal, já que essas notas de imprevisibilidade aliviavam uma vida demasiado rígida em termos de regras, como comenta o duque de Cambridge. Por sua vez, Harry reforça que os avós eram o “casal mais adorável”. “Uma das coisas que realmente admiro é o facto de ele ter desistido de uma carreira militar muito, muito bem-sucedida para ser o consorte da Rainha”, reitera ainda o duque de Cambridge.