A candidata do movimento “Somos Todos Lisboa” às eleições para a autarquia da capital considera que a redução do horário dos bares na zona de Santos para controlar os aglomerados noturnos “não faz sentido nenhum”.

Em declarações à Lusa, à margem de uma arruada na freguesia de Telheiras, Ossanda Liber contrapõe que é preciso reforçar a segurança naqueles locais.

Entre esta quinta-feira e domingo, os bares da zona de Santos, na capital, vão encerrar às 23:00, três horas mais cedo do que o habitual, de forma a controlar os ajuntamentos.

A medida foi anunciada na quarta-feira à noite pelo presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton (PSD), depois de uma reunião com os empresários, e justificada com a necessidade de criar condições para a polícia fazer o seu trabalho.

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Segundo o presidente da Junta de Freguesia da Estrela, tem havido na zona ajuntamentos de “três ou quatro” mil pessoas.

Para Ossanda Liber, há que “fazer perceber às pessoas que têm de se comportar, com dignidade e com respeito, e para isso existem as forças de segurança”.

Este tipo de “medidas esporádicas” são “emotivas e parecem muito populares”, mas “limitam a liberdade de todos por culpa de alguns”, aponta.

Além de que “não hão de resolver nada”, desvaloriza a candidata.

“Reduzir horários até quando?”, questiona, atribuindo responsabilidades à Câmara de Lisboa e ao Governo, que “têm de dar estabilidade às pessoas” e “não devem estar sistematicamente a alterar as leis e as normas”, mas sim “fazer cumprir as que existem”.

Nas últimas semanas, Lisboa tem registado situações de criminalidade violenta em contexto de diversão noturna, nomeadamente no Bairro Alto, Cais do Sodré e Santos, com ocorrências de esfaqueamentos.

O levantamento gradual das restrições em função da vacinação contra a Covid-19 arrancou em 01 de agosto, com regras aplicáveis em todo o território continental, inclusive o limite de horário de encerramento até às 02h00 para a restauração.

Esta quarta-feira, no final da reunião do Conselho de Ministros, o líder do executivo, António Costa anunciou que o país está “em condições de avançar” para a terceira e última fase do desconfinamento e adiantou que, na próxima semana, deverá ser atingida a meta de 85% da população com a vacinação completa.

Assim, entre outras medidas, a partir de 1 de outubro os espaços de diversão noturna, encerrados desde março de 2020 devido à pandemia de Covid-19, podem reabrir, para clientes com certificado digital.

A apresentação de um teste negativo à Covid-19 também permitirá aos clientes a entrada em bares e discotecas a partir dessa data.

Em 29 de julho, o Governo anunciou que os espaços de diversão noturna poderiam reabrir na sua plenitude em outubro, quando as autoridades previam que 85% da população estivesse com a vacinação completa contra a Covid-19.

No entanto, desde 1 de agosto, os bares e outros estabelecimentos de bebidas puderam funcionar desde que com as regras aplicadas à restauração, sem espaços de dança.

Somos Todos Lisboa dá a conhecer as suas propostas em Telheiras

O movimento realizou uma arruada no bairro de Telheiras, na freguesia do Lumiar, para se dar a conhecer e explicar às pessoas as razões da sua candidatura.

“Tem sido [essa] a nossa estratégia, contacto pessoal, estar com as pessoas, explicar-lhes para que é que nos candidatamos, qual é o nosso objetivo, qual é o nosso intuito”, afirmou Ossanda Liber, a candidata do movimento Somos Todos Lisboa, que concorre à Câmara e à Assembleia Municipal de Lisboa, mas não às freguesias.

O importante é que, no domingo, “a maior parte dos lisboetas saiba quais são as opções, todas elas”, assinalou a candidata, estreante em eleições, acompanhada por um sonoro pequeno grupo de jovens, a maioria dos quais ainda não eleitores, que carregavam bandeirolas e panfletos de propaganda.

Este “passar palavra” tem funcionado “muito bem”, avalia Ossanda Liber, acrescentando: “O nosso programa está sempre a evoluir, à medida que vamos ouvindo os lisboetas”.

Exemplo disso é a proposta que vai incorporar, se for eleita, relacionada com a inclusão de pessoas com necessidades especiais.

Isto porque, de manhã, a candidata visitou uma escola para crianças com necessidades especiais que “tem feito um trabalho incrível”, mas registou a falta de serviços terapêuticos, em complementaridade com a componente pedagógica.

Esses serviços deviam ser disponibilizados pela câmara municipal, proposta que vai incluir no programa, adiantou.

Além disso, a autarquia deve assegurar a integração daquelas crianças no meio profissional, quando forem adultos.

“É importante que não sejam largadas pela sociedade, pelo facto de terem 18 anos”, sublinhou.