O presidente do Conselho de Administração da ANA — Aeroportos de Portugal disse que Portugal não deve ter uma nova infraestrutura aeroportuária antes de 2035/2040 e pediu uma solução política célere.

Na conferência Dia Mundial do Turismo, organizada pela Confederação Portuguesa do Turismo, que decorreu esta segunda-feira em Coimbra, José Luís Arnaut falou de uma situação “esquizofrénica”, em que existe um concessionário que quer investir e há “um conjunto de vicissitudes externas e de constrangimentos de contexto” que não permitem avançar.

“A única solução que tem declaração de impacte ambiental é o Montijo, que pode ser construída amanhã. De Alcochete não sabemos e a nova versão do Montijo também não. Portanto, é preciso que haja esse estudo, que o poder político e os partidos se entendam sobre a convergência e nos deem a possibilidade e nos deixem construir”, frisou.

O Governo lançou este ano uma avaliação ambiental estratégica para comprar três soluções possíveis: Montijo como aeroporto complementar (que chegou a ter autorização ambiental), Montijo como aeroporto principal e manutenção da Portela e Alcochete como o novo aeroporto construído de raiz e em substituição da Portela. No entanto, para executar esta avaliação, o Ministério das Infraestruturas evitou recorrer ao LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), optando por um concurso público internacional a lançar pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes, cujo calendário não é conhecido.

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O presidente da ANA salienta que se tivesse sido cumprido o acordo assinado com o Governo em 2016, que previa a construção do novo aeroporto no Montijo, em 2024 o país teria “uma nova infraestrutura aeroportuária”. “A TAP e Portugal precisam de um novo aeroporto”, sustentou José Luís Arnaut, salientando que 95% dos turistas chegam a Portugal de avião e sem uma nova infraestrutura “o turismo não cresce”.

Com o novo aeroporto, acrescenta, Lisboa poderia receber anualmente mais 10 milhões de passageiros, “que se perdem, o que é um valor económico imensurável”. Salientando que não há “soluções perfeitas”, o responsável máximo da ANA pede uma solução para um equipamento que “é necessário e torna-se urgente”.

Sobre o movimento atual de passageiros, o presidente da ANA adiantou que nos meses de julho e agosto os aeroportos portugueses estavam a 66% do tráfego registado em 2019. A Madeira e Açores são casos de “recuperação fantásticos”, com 95% e 87%, respetivamente, “quase ao nível de 2019”, e o Porto já vai nos 65%. “Lisboa está a recuperar bem, com 54%, e Faro, com a limitação dos ingleses, tem ainda alguma dificuldade, mas queremos crescer mais e há capacidade de crescer mais. Os turistas se não vierem para Lisboa vão para outro sítio”, defendeu José Luís Arnaut.

A Conferência Dia Mundial do Turismo decorreu na Antiga Igreja do Convento São Francisco, em Coimbra, com a presença do Presidente da República na sessão de encerramento.