A China afirmou esta quarta-feira que vai bloquear o pedido de Taiwan para aderir a um importante acordo comercial internacional, citando como motivo a recusa da ilha em admitir que é parte da República Popular da China.

O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês disse esta quarta-feira que a participação de Taipé na cooperação regional, no âmbito do comércio, tem como base o princípio “Uma só China”. Aquele princípio é visto por Pequim como uma garantia de que Taiwan é parte do seu território.

“Opomo-nos à participação da região de Taiwan em quaisquer acordos comerciais de natureza oficial”, disse o porta-voz ZhuFenglian, em conferência de imprensa.

Taiwan anunciou, em 23 de setembro, que se candidatou ao Acordo Progressivo e Abrangente para a Parceria Transpacífica (CPTPP), uma semana depois de a China apresentar também um pedido de adesão.

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O CPTPP abrange 11 nações e entrou em vigor em 2018. Este inclui acordos sobre acesso ao mercado, movimentação de mão de obra e compras governamentais.

Entre os membros constam a Austrália, Canadá, Japão, México, Peru, Singapura e Nova Zelândia. O Reino Unido também começou a negociar a sua adesão depois de sair da União Europeia.

O tratado é uma versão atualizada da Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), assinada em 4 de fevereiro de 2016, mas que entrou em crise, como resultado da decisão do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump de retirar o seu país, em 2017.

Taiwan — para onde o exército nacionalista chinês se retirou após a derrota contra as tropas comunistas na guerra civil chinesa — é governado de forma autónoma desde 1949, mas a China reivindica a soberania da ilha, que considera uma província sua que deve ser reunificada, não descartando o uso da força para esse efeito.

Os comentários de Zhu seguem observações anteriores do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian, de que a China opõe-se “firmemente a qualquer contacto oficial entre Taiwan e outros países, bem como a adesão de Taiwan a quaisquer acordos ou organizações de natureza oficial”.

O governo de Taiwan, que esperava já que a China tentasse bloquear a sua adesão, diz que o seu estatuto de democracia e economia de mercado deve jogar a seu favor.

“Taiwan e China seguem sistemas de organização diferentes. Somos uma economia de mercado completa”, disse John Deng, responsável pelo Comércio de Taiwan, em conferência de imprensa, na semana passada.

Taiwan apelou à adesão com o nome “Território Alfandegário Separado de Taiwan, Penghu, Kinmen e Matsu”. Esse foi o nome que usou para ingressar na Organização Mundial do Comércio, em 2002.

À medida que ganhou influência económica e política, a China adotou uma atitude cada vez mais rígida em relação a essas organizações, sobretudo em relação à participação de Taiwan.