Carlos Carvalhal é por esta altura um treinador algo questionado, apesar de ter ganho com o Sp. Braga uma Taça de Portugal ainda na época passada. O clube não ganha dois jogos seguidos desde março, mas o experiente treinador diz não sentir “pressão extra” devido a esse motivo ou, também pela derrota na primeira jornada da fase de grupos da Liga Europa frente ao Estrela Vermelha e o recente empate nos Açores, frente ao Santa Clara (1-1), concedido já muito para lá dos 90′. A equipa não tem sido constante nos bons resultados, mesmo estando no 5.º lugar da I Liga, nem até nas exibições e, para esta quinta-feira, Carvalhal afirmou que ia ser “necessário o melhor Sp. Braga” para vencer na receção ao Midtjylland, na segunda jornada do Grupo F. O objetivo os bracarenses é claro: ficar em primeiro do grupo e garantir acesso direto aos oitavos de final da Liga Europa. Para isso, não era preciso um ‘pontinho’era preciso ganhar, até para animar os (alguns) impacientes adeptos que marcaram presença na Pedreira. Era preciso mais para fazer algo como na época transata, onde a Taça se juntou a final da Taça da Liga e os 16 avos da Liga Europa.

Mesmo ficando na ideia que os bracarenses eram a melhor equipa, Carvalhal acertou que os dinamarqueses gostam de “ter a bola, atacar e ter um futebol positivo”. Se conseguem, ou não, é outra história, mas que tentam, tentam. ”É uma equipa de cariz ofensivo, isso é bom, nós também, e está em perspetiva um bom jogo”, afirmou na antevisão, em que foi tema, claro, o mais recente resultado da equipa frente ao Santa Clara. Admitiu que recuar muito para defender o resultado não foi a melhor opção e que a equipa tem de “defender mais à frente em vantagem, ser mais agressiva e não recuar tanto”. “A vontade de vencer é tão grande que, por intuição, todos queremos proteger a baliza”, disse.

Líder do campeonato da Dinamarca, a esperança e o objetivo de Carvalhal, dos seus jogadores e dos adeptos, era que o Midtjylland precisasse de atacar, em princípio seria bom sinal, e que às tantas os arsenalistas estivessem a vencer e a segurar o resultado, mas, para isso, seriam precisos golos, coisa do qual os avançados do Sp. Braga andam longe, com Carvalhal a revelar que falou com o reforço Mario González, na época passada goleador do Tondela, que ainda não fez nenhum golo esta temporada. “Estou à espera de uma reação forte dele no sentido de, sem pressão absolutamente alguma, conseguir libertar-se e fazer o seu jogo normal. Por muitas conversas com o treinador ou ajudas dos colegas, quem muda as coisas somos nós, temos que olhar ao espelho e mudar as coisas. Não tem sido feliz, mas ele vai conseguir, porque tem capacidade e categoria para fazer golos”, frisou. E que falta fez uma referência ofensiva no jogo do Sp. Braga na primeira parte frente aos dinamarqueses…

Mas antes de ir ao que fizeram os 22 escolhidos pelos treinadores de ambas as equipas, há a destacar quem dirigiu o encontro. Alguém histórico, de seu nome Stéphanie Frappart, árbitra francesa que já tem muita experiência na Liga Europa e, como a primeira mulher a estar na elite das competições da UEFA, apitou em dezembro de 2020 na Liga dos Campeões.

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Num encontro em que, como referido, o Sp. Braga era claramente favorito, Carvalhal entrou em campo sem um ponta de lança fixo e definido, o que acabou por dificultar a dada altura a manobra ofensiva bracarense, embora se perceba a mobilidade desejada com jogadores como Galeno, Ricardo Horta, Chiquinho ou Piazon. O primeiro bracarense a estar em destaque, no entanto, foi o guarda-redes Matheus, a negar o golo a Isakesen logo nos primeiro minutos. O Sp. Braga foi atrás do prejuízo, mas este estava na sua área, quando Diogo Leite cometeu uma grande penalidade por volta dos 20 minutos, que Evander tratou de concretizar e fazer o 1-0.

Passados apenas 15′, o guarda-redes dos dinamarqueses derrubou Galeno dentro da área e Ricard Horta foi chamado à marca dos 11 metros para empatar o jogo. Permitiu a defesa a Olafsson e o jogo ficou na mesma, com 0-1. Até ao intervalo, o marcador até se podia ter transformado num 0-2, mas Juninho disparou ao lado.

Ao intervalo, Carlos Carvalhal resolveu então colocar uma referência ofensiva e saltou então do banco Mario González para jogar no eixo do ataque, o que permitiu aos tais criativos e móveis jogadores do Sp. Braga jogar com outro espaço e qualidade. Foi mesmo González que ganhou um penálti logo aos 55′. Desta vez foi Galeno a marcar e fez golo no clássico guarda-redes para um lado e bola para o outro. Passados menos de 10′ e com alguma sorte à mistura, Ricardo Horta consumou a reviravolta no marcador e fez o 2-1, depois de um remate de Chiquinho ter batido em… González e ter sobrado para o português marcar. Não fez golos, mas a entrada do avançado espanhol mudou o jogo dos bracarenses para melhor, muito melhor.

A partir do 2-1 o Midtjylland tentou com que o Sp. Braga recuasse e até conseguiu, com os bracarenses a procurarem saídas rápidas. Estavam decorridos 75′ e colocavam-se duas questões: Ia o Sp. Braga defender? Ia o Sp. Braga defender melhor como Carvalhal pedira? Por essa altura, Junior, extremo esquerdo dos dinamarqueses, apareceu em excelente posição na cara de Matheus, mas pressionado por dois defesas bracarenses acabou por permitir a defesa do brasileiro. No entanto, o Sp. Braga não conseguia sair e Carvalhal não estava satisfeito com a prestação da equipa, que era também influenciada pela lesão de Al Musrati e a improvisação de um meio-campo com Lucas Mineiro e Chiquinho.

A situação melhorou, no entanto, quando Juninho viu vermelho direto após entrada sobre Iuri Medeiros. Não só a entrada foi muito dura, como o jogador da equipa portuguesa se preparava para isolar-se. Quem isolou Iuri? González… O mesmo González que se isolou e assistiu Galeno para o 3-1.

O Sp. Braga terminou o jogo sob uma chuva de aplausos e cânticos dos seus adeptos, conquistando os primeiros e importantes pontos na fase de grupos da Liga Europa. Foi sofrido, mas justo, com o encontro a mudar completamente com a entrada de um homem de área, um 9, o tal homem com quem Carvalhal até conversou.