Pelo segundo dia consecutivo, caças chineses entraram Zona de Identificação da Defesa Aérea (ADIZ) de Taiwan, numa demonstração de força por parte de Pequim, que ambiciona controlar a ilha. De acordo com as autoridades de Taiwan, nos últimos dias dois entraram no espaço área da ilha 77 caças oriundos da China.
No sábado, registou-se mesmo um recorde, quando 39 caças chineses, a maioria J-16 e Su-30, entraram no espaço de aéreo de Taiwan em dois momentos: numa primeira fase, durante a manhã, sobrevoaram a ilha 20 caças, tendo os restantes 19 entrado na ADIZ horas depois.
Segundo o Ministério, os aviões entraram na ADIZ a partir do sudoeste e, depois de terem sido avisados por Taiwan para darem seguimento e se retirarem, deram meia volta e abandonaram a ADIZ.
No sábado, o Ministério da Defesa da ilha disse numa declaração que um total de 38 aviões chineses tinham entrado na ADIZ de Taiwan no dia 01 de outubro, sexta-feira, o dia em que Pequim celebrou o aniversário da proclamação da República Popular da China.
Pequim envia 38 aviões de combate na direção de Taiwan no dia nacional da China
Entre os 38 aviões a 01 de outubro encontrava-se pelo menos um H-6, capaz de transportar bombas nucleares.
Hu Xijin, editor do Global Times, um jornal sob o Jornal Oficial do Povo, escreveu no Twitter: “Estes aviões que aparecem no Estreito de Taiwan são uma nova cerimónia do povo chinês para celebrar as festas. Se as autoridades de Taiwan continuarem as suas provocações, haverá mais aviões no Dia Nacional do próximo ano”.
De acordo com os analistas, as recentes movimentações da China em Taiwan não indiciam uma ameaça iminente de guerra. Contudo, deixam claro que Pequim não descarta vir a usar meios militares no futuro para assumir o controlo da ilha, e ao enviar os caças no dia nacional da China, Pequim quis marcar uma posição.
“Envia uma mensagem sobre a determinação de Pequim em reivindicar Taiwan, pela força se necessário”, afirmou ao The New York Times o analista Adam Ni. “O objetivo é afirmar o poder de Pequim e mostrar a sua força militar”, acrescentou.
O número de aviões militares chineses a voar para a ADIZ de Taiwan aumentou nos últimos meses, de acordo com as autoridades da ilha.
A 24 de Setembro, Taiwan alegou que 24 caças chineses realizaram incursões semelhantes às de sábado pouco depois de Taiwan se ter candidatado a aderir ao Acordo Global e Progressivo para a Parceria Trans-Pacífico (CPTPP), ao qual Pequim “categoricamente” se opõe.
A China reivindica a soberania sobre Taiwan, para onde os nacionalistas chineses se retiraram após a sua derrota na Guerra Civil chinesa. Taiwan, no entanto, diz ser um país independente e garante que vai lutar pela sua liberdade.
EUA apelam à China para parar com “atividade militar provocadora”
As incursões de Pequim no espaço aéreo de Taiwan foram condenados pelos Estados Unidos, que acusaram a China de pôr em causa a estabilidade na região.
“Os Estados Unidos estão muito preocupados com a atividade militar provocadora por parte da República Popular da China perto de Taiwan, que é desestabilizadora, propensa a erros de cálculo e põe em causa a paz e estabilidade na região”, afirmou Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado, citado pela Reuters.
“Apelamos a que Pequim cesse a pressão militar, diplomática, económica e coerciva contra Taiwan”, acrescentou.
Até ao momento, a China ainda não se pronunciou sobre a atividade militar no espaço área de Taiwan nos últimos dias.