O motorista de João Rendeiro, o ex-banqueiro do Banco Privado Português (BPP) que está em fuga da Justiça portuguesa, comprou um apartamento no mesmo condomínio de luxo do patrão, em Cascais. No entanto, após a compra, cedeu o usufruto do imóvel à mulher de João Rendeiro, Maria de Jesus Rendeiro, revelou uma investigação da SIC.
O condomínio de luxo na Quinta Patino, em Cascais, de acordo com os documentos a que a SIC teve acesso, foi comprado por um valor de 1,15 milhões de euros. Era propriedade da Caixa Geral de Depósitos e foi comprado a pronto pagamento por Florêncio de Almeida, motorista de João Rendeiro.
Em dezembro de 2020, o motorista assinou um contrato-promessa para alienar a utilização do apartamento por cerca de 201 mil euros a Maria de Jesus Rendeiro.
A Quinta Patino é um condomínio de luxo onde vivem vários milionários portugueses. A mulher de João Rendeiro continua a viver na casa e é lá que se encontra a coleção de arte particular do ex-banqueiro, apreendida para servir como indemnização aos lesados do BPP no âmbito de uma condenação de Rendeiro a dez anos de prisão pelos crimes de crimes de fraude fiscal qualificada, abuso de confiança qualificado e branqueamento de capitais.
Com João Rendeiro foragido à Justiça, a juíza Tânia Loureiro Gomes quer que a Polícia Judiciária confirme que as 124 obras de arte, que incluem pinturas e esculturas, estão intactas estando marcada, de acordo com o Expresso, que avançou a notícia, uma visita das autoridades à casa onde vive Maria de Jesus Rendeiro no próximo dia 11 de outubro.
Após serem apreendidas, as obras de arte foram listadas e catalogadas, tendo o tribunal nomeado Maria de Jesus Rendeiro como fiel depositária da coleção, uma condição que, segundo se lê no despacho da juíza a que o Observador teve acesso, “a coloca em situação de prestar contas quanto à administração dos objetos que tem à sua sua guarda”. Se faltar alguma obra, a mulher de João Rendeiro estará a incorrer “na prática do crime de descaminho ou destruição de objetos colocados sob o poder público”.