O Grande Prémio da Turquia, 16.º da temporada da Fórmula 1, voltou na época de 2020 depois de várias provas originalmente planeadas terem sido canceladas devido à Covid-19 e, após o calendário ter sido revisto em agosto do ano passado, a corrida aconteceu a tempo de ver Lewis Hamilton ganhar o seu sétimo campeonato mundial e alcançar o recorde do lendário alemão Michael Schumacher. Nesse 15 de novembro, o piloto britânico partiu do sexto lugar e foi galgando posições até chegar à frente da corrida que venceu, sagrando-se campeão do mundo.

Este ano, a Turquia foi novamente um país substituto no que toca ao calendário de F1, mas os olhos, como quase sempre, voltavam a estar em Hamilton que, mesmo tendo sido o mais rápido na qualificação, ganhando a pole position, foi atirado para o 11.º lugar após uma penalização de dez posições por alterações no motor do seu monolugar da Mercedes. Apenas dois pontos acima de Max Verstappen na luta por mais um possível título mundial, Hamilton via o neerlandês arrancar do segundo lugar, atrás de Bottas (Mercedes), mesmo que Max não estivesse muito satisfeito.

Sobre o que se ia passar na pista, a 45 quilómetros de Istambul, que este domingo via um dia muito cinzento e alguma chuva, o piloto dos Países Baixos, que subiu de lugar na grelha de partida após a queda do principal rival, foi claro: “O meu principal problema é começar em segundo. Estou na parte de dentro da pista e tem menos aderência. Isso não é ideal. E claro, no cômputo geral, sabemos que nos falta velocidade comparado com a Mercedes, pelo que espero ser bastante complicado lutar contra eles. Claro que o Lewis [Hamilton] terá um trabalho um pouco mais difícil para chegar à frente, mas acho que será muito difícil mantê-los para trás com a velocidade que eles mostraram na qualificação”.

“Vamos tentar tudo, claro, mas temos de ser realistas e não há muito que possamos forçar ou mudar. Vamos dar o nosso melhor”, disse ainda Verstappen.

Já Hamilton admitiu, após a qualificação, que a meteorologia ia ser um fator chave e que ia ser “cauteloso, mas super atacante”. “Preciso e tenho de ganhar a corrida de qualquer forma. É esse o meu objetivo. Os meus olhos estão apenas em vencer a corrida e vai ser complicado ao partir de 11.º, mas não é impossível. Vamos tentar atacar ao máximo”, afirmou o inglês no sábado.

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Um dia depois, este domingo, chegavam então as decisões na Turquia, com o arranque e a primeira curva, dada a pista molhada, serem importantes. Bottas, na frente, arrancou bem, e pela volta 18 ainda era líder da corrida à frente de Verstappen, mas a “melhor” notícia foi para Hamilton e veio logo no início do percurso, quando Fernando Alonso, que partiu do top 5 pela primeira vez desde 2014, tocou em Pierre Gasly e saiu de pista, deixando de ser um provável osso duro de roer para o atual campeão do mundo.

Hamilton prometeu ataque e cumpriu, mesmo que o início da corrida tenha sido, para todos os pilotos, mais uma questão de sobrevivência, exploração e adaptação.

A verdade é que o piloto da Mercedes queria aproximar-se de Verstappen e do colega de equipa Bottas e ia conseguindo, ultrapassando colegas de profissão uns atrás dos outros, mostrando a rapidez que já se tinha visto no início do fim de semana. Com tempos mais rápidos de pista na 11.ª e 12.ª voltas, Hamilton era já 5.º quando faltavam cerca de dois terços da corrida e, pela volta 21, era Sergio Pérez o “próximo alvo”.

Mas na frente da corrida, já a meio da mesma, era o finlandês Valtteri Bottas, que partiu pela segunda vez esta temporada da frente da grelha depois do Grande Prémio de Portugal, a tentar manter a distância de Max Verstappen, que, mesmo chegando a cerca de 2,6 segundos do adversário, rodou quase sempre por volta dos 3,5 segundos de diferença.

Ao começarem as idas às boxes as posições foram obviamente mudando e a faltarem 14 voltas para a 58.ª e final, era o Ferrari de Charles Leclerc a seguir na frente e de forma corajosa, depois de decidir levar o jogo de pneus até ao fim da corrida. Pela mesma altura, Lewis Hamilton discutia estratégias com os seus engenheiros enquanto perseguia o principal rival Max Verstappen. Passadas duas voltas, no entanto, com Bottas praticamente colado, Leclerc perguntou à equipa, como quem não quer a coisa, algo na linha de “até onde é que podemos chegar?”, como quem tem a ideia de que vai ser ultrapassado. E foi, com Bottas a recuperar a liderança a 11 voltas do final, procurando a primeira vitória da época.

Uma volta depois, Leclerc teve de assumir o risco e a falha do mesmo, entrando nas boxes e ficando atrás de Hamilton, terceiro classificado que ainda não tinha saído da pista para cuidar do seu carro. O inglês acabou claro por fazer a sua pit stop e a corrida animou e muito para o final, como os fãs gostam de ver, com Hamilton, em 5.º, a tentar ir buscar Leclerc, mas sempre com Gasly muito, muito em cima, quando faltavam duas voltas.

Hamilton acabou mesmo por segurar o quinto lugar, mas com Verstappen a terminar em segundo, o inglês perdeu a liderança do mundial de pilotos. A Red Bull, além de Max, consegue meter Sergio Pérez no terceiro lugar e faz uma espécie de dobradinha no pódio, numa corrida em que Bottas se estreou a ganhar em 2021. O finlandês partiu do primeiro lugar da grelha e chega ao final da corrida nessa mesma posição.

A Mercedes ganha assim dois Grandes Prémios consecutivos, mas Hamilton entrou com dois pontos de vantagem e sai da Turquia com seis de desvantagem. Faltam seis corridas para se determinar o campeão de mais um animado, pelo menos a julgar por hoje, Mundial de F1.