O primeiro dia da 49.ª edição do Portugal Fashion não teve direito a desfiles no calendário ou a habitual azáfama nos bastidores. O arranque aconteceu na Alfândega no Porto com o fórum “Portugal – Africa Investment Roundtable”, uma iniciativa que promove a reflexão, o debate e o networking dedicado a negócios, investimentos, exportações e parcerias entre Portugal e África no setor do têxtil e do vestuário.
“Hoje é o início de um acordo de três anos que fizemos Afreximbank, cujo processo tem várias fases e prevê a vinda de 40 designers africanos ao Portugal Fashion nas próximas seis edições e a realização de fóruns económicos, como este, com o objetivo criar pontes entre Portugal e o continente africano no que toca às indústrias criativas, ao design e ao universo têxtil”, explica ao Observador Alexandre Meireles, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (Anje), entidade responsável pelo Portugal Fashion.
A intenção passa por existirem verdadeiros intercâmbios entre os dois pontos do globo, possibilitando aos designers de moda africanos produzirem as suas criações em Portugal e dar às empresas portuguesas a oportunidade de investir além fronteiras, conseguir financiamento e partilhar o seu conhecimento. “A moda portuguesa pode ganhar muito com esta forma de internacionalizar cá dentro, trazendo compradores, marcas e designers africanos e aumentando, assim, a dimensão do Portugal Fashion”, sublinha o presidente da Anje.
Além da conferência desta terça-feira, que contou com a presença de mais de uma dezena de oradores, entre os quais Eurico Brilhante Dias, Secretário de Estado da Internacionalização, ou Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, cerca de 20 designers de diferentes países africanos mostram o seu trabalho nesta edição do Portugal Fashion, à boleia do programa Creative Africa Nexus (CANEX), onde a produção de moda sustentável, a importância da economia circular na indústria e o papel do design responsável para as novas gerações são algumas das premissas presentes.
Anissa Aida (Tunísia), Doreen Mashika (Tanzânia), Mafi Mafi (Etiópia) farão parte do Bloom, a plataforma de moda dedicada aos talentos emergentes; Anyango Mpinga (Quénia), Odio Mimonet (Nigéria), Maison D’Afie (Camarões), Rich Mnisi (África do Sul) e Taibo Bacar (Moçambique) vão ocupar a passerelle principal, até sábado; e 12 marcas terão como montra o BrandUp, o showroom do Portugal Fashion que contará com cerca de 90 expositores.
“O programa pretende promover, anualmente, cerca de 40 designers africanos, que beneficiarão de networking com especialistas nacionais e internacionais da indústria, bem como retalhistas e fabricantes competitivos no mercado português”, lê-se na apresentação da iniciativa.
O Portugal Fashion acontece até sábado na Alfândega do Porto, naquele que é o regresso do evento com público. Desde que tomou posse na presidente da ANJE, em março de 2020, Alexandre Meireles recorda que ainda não teve a oportunidade de organizar uma edição completamente sem restrições.
“O público é uma das razões pelas quais o Portugal Fashion existe, tanto para o designers como para os manequins, a envolvência presencial é algo completamente diferente”, afirma ao Observador, acrescentando que o plano de contingência do evento é mesmo “à prova de bala”. “Iremos verificar se toda a gente tem um certificado digital ou um teste negativo e vamos garantir que o uso de máscara e o distanciamento social são respeitados. Temos de continuar alerta porque isto ainda não acabou.”