A Associação Agrícola de Santa Maria, nos Açores, alertou esta terça-feira que um futuro sistema de transporte marítimo para aquela ilha terá de garantir contentores de frio e “frequência mínima bissemanal” para o escoamento de produtos locais.
Em comunicado, aquela entidade notou que a operação sazonal de transporte marítimo para aquela ilha, excluída do concurso lançado em agosto pelo Governo Regional, é importante para o escoamento de produtos locais perecíveis, nomeadamente a meloa e “carcaças e/ou carne bovina refrigerada, atividade que tem vindo a crescer e a ser fomentada”.
“Qualquer que venha a ser o sistema de transportes marítimos de passageiros e viaturas a implementar, terá de ter em conta a realidade da ilha […] garantindo-se capacidade de transporte em contentores de frio, frequência mínima bissemanal, complementaridade e sequência dos percursos em prazos curtos”, afirma.
A Associação defende que uma futura ligação marítima daquela ilha ao exterior tem de acautelar a realidade local também no “custo do transporte”.
Em causa estão, avisou, “itens absolutamente necessários à competitividade do setor agroalimentar, ao rendimento dos agricultores e à economia da ilha, que tem no setor primário o seu principal setor exportador, com um peso muito significativo na sua frágil economia”.
O atual sistema logístico de transporte de mercadorias de e para a ilha de Santa Maria é, como tem sido ao longo do tempo, altamente deficitário, em particular para o escoamento de produtos agroalimentares em condições de qualidade e regularidade, sendo castrador do desenvolvimento económico da ilha”, observam.
Aquela entidade refere que “a operação sazonal não é só importante para a mobilidade de pessoas e viaturas, incrementando o turismo e o consumo local de produtos na ilha, mas é igualmente importante para uma área frequentemente esquecida, designadamente o escoamento de produtos, em particular perecíveis”.
A associação destaca “o escoamento da meloa de Santa Maria, bem como de carcaças e/ou carne bovina refrigerada, atividade que tem vindo a crescer e a ser fomentada.
O secretário Regional dos Transportes dos Açores disse a 29 de setembro, no plenário regional, que o Governo vai “estudar alternativas” ao transporte marítimo de ligação interilhas, para “um efetivo serviço à população” com “custos que o orçamento da região possa suportar”.
Por interpelação do PS, Mota Borges falava na Assembleia Legislativa Regional dos Açores (ALRA), na cidade da Horta, depois de socialistas e BE acusarem a coligação de Governo (PSD/CDS-PP/PPM) de atacar a coesão regional ao eliminar ligações marítimas nas ilhas de Santa Maria, São Miguel e Flores, sem “consultar ninguém ou estudar” o assunto.
Em agosto, o Conselho de Governo aprovou o concurso que deixa as ilhas do grupo oriental, São Miguel e Santa Maria sem serviço público de transporte marítimo de passageiros e viaturas, porque a operação sazonal foi restrita às ilhas do grupo central (Faial, Pico, São Jorge, Terceira e Graciosa).
Segundo a mesma resolução, as ilhas do grupo ocidental, Flores e Corvo, continuam a ter ligação regular entre si apenas para transporte de passageiros, sendo eliminada a operação sazonal que ligava as Flores ao resto do arquipélago e que permitia o transporte de viaturas.
O secretário regional dos Transportes referiu-se às ligações sazonais como “comodidades de verão”, alertando para uma despesa anual “entre os 10 e os 12 milhões de euros” e para a opção agora existente de viajar de avião com a Tarifa Açores (viagens interilhas a 60 euros para residentes).
“Aceitar este tipo de comodidades de verão pareceu-nos excessivo”, observou.
Mota Borges recusou uma “política despesista”, apontando que a taxa média de ocupação na Linha Amarela (que fazia a operação sazonal e servia todas as ilhas exceto o Corvo) rondava os 30%.
“Andava a consumir gasóleo sem ocupação significativa”, lamentou.