O médico da seleção dinamarquesa de futebol, Morten Boesen, afirmou esta quarta-feira que o regresso aos relvados do médio Christian Eriksen, vítima de uma paragem cardíaca em 12 de junho, durante o Euro2020, depende do jogador e da sua família.

“Há várias coisas em curso no momento. [Voltar a jogar futebol] depende do Christian. Depois dos testes que ele está a fazer, se se sentir confortável, cabe a ele e à família a decisão”, disse, no âmbito da videoconferência “Planeamento integrado de segurança médica”, promovida pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

Autor de 36 golos em 109 jogos pela seleção nórdica, o médio ofensivo, de 29 anos, não compete desde que caiu inanimado ao minuto 43 do embate com a Finlândia, para o Grupo B, tendo sido reanimado com recurso a um desfibrilhador, depois de ter sido dado como “clinicamente morto” por “alguns segundos”.

Eriksen sofreu (mesmo) uma paragem cardíaca. “Esteve quase a ir-se”, diz médico da seleção

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O jogo realizado no Parken, em Copenhaga, acabou por ser reatado duas horas depois, com a Finlândia a vencer por 1-0, mas Morten Boesen assumiu ter sido “muito difícil” lidar com o grupo treinado pelo selecionador Casper Hjulmand nesse dia e no dia que se seguiu.

Tive ajuda de especialistas externos em crises. As pessoas reagem de forma diferente, e isso também aconteceu com os jogadores. Foi uma cena muito traumática. Depois de a ver, criam-se diferentes cenários na cabeça. Felizmente, tivemos a ajuda do governo dinamarquês”, lembrou o médico, também responsável pelo departamento clínico do FC Copenhaga desde 2005.

Questionado sobre a eficácia dos procedimentos médicos seguidos, Morten Boesen vincou que o protocolo para o Euro2020 “funcionou bem”, mas avisou que um modelo tão “detalhado” como o que vigorou na competição pode “não funcionar” em “todas as ligas”, nomeadamente nas amadoras.

“Nas ligas mais baixas e nos campeonatos amadores, não há a preparação que temos. Nas competições de seleções, temos tudo preparado para tomar conta da maioria das emergências. Mas devemos estar sempre preparados para estádios que não estão próximos de um hospital e que não têm todas as condições”, explicou.

O especialista referiu ainda que, nos jogos em que a Dinamarca atua como equipa visitante, procura inteirar-se da “preparação do jogo” elaborada pela formação organizadora, para que tenha consciência do que “deve ser feito” em termos de emergência.

Convencido de que a FIFA pode organizar mais iniciativas sobre os episódios de emergência médica no futebol, Morten Boesen realçou que a comunicação social tem dado uma importância crescente ao assunto, que se repercute no interesse das pessoas.

“Os média falam muito sobre o assunto. Os efeitos colaterais na Dinamarca têm sido enormes. Há um tremendo número de voluntários a participar em cursos relacionados com a prevenção e o socorro de doenças cardíacas”, adiantou.