O Sindicato de Hotelaria do Norte anunciou esta quarta-feira que o Governo retirou “finalmente” a concessão da sala de jogo do Bingo do Boavista (Porto), à Pefaco, mas lembra que falta criar a comissão administrativa e reabrir aquele espaço.

“A solução veio tardia, já vem tarde, com as dívidas que a Pefaco tem perante o Estado, o próprio Estado já podia ter tirado há muito tempo a concessão à Pefaco. Não lhes faltavam motivos para o fazer. Finalmente já retirou, agora falta cumprir o resto com que se comprometeu”, declarou Nuno Coelho, dirigente do Sindicato de Hotelaria do Norte, em entrevista telefónica à agência Lusa.

Segundo o dirigente sindical, é urgente que o Governo cumpra o compromisso de “criar a comissão administrativa para reabrir a sala de jogo e os trabalhadores poderem regressar aos seus postos de trabalho“, bem como “abrir um concurso para entregar o espaço a uma nova concessionária”.

Em comunicado de imprensa, o sindicato de Hotelaria do Norte conta que “tomou conhecimento hoje [quarta-feira] que o Estado tinha retirado a concessão da sala de jogo do Bingo do Boavista à Pefaco e que nesse mesmo despacho se determinava a abertura de novo concurso público com a garantia dos postos de trabalho e dos direitos dos 62 trabalhadores”.

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“O sindicato já solicitou à Secretaria de Estado do Turismo a nomeação de uma comissão administrativa e a reabertura imediata da sala, conforme compromisso assumido há muito tempo pela Secretária de Estado do Turismo”, lê-se no comunicado enviado à comunicação social.

A sala de Bingo da Boavista, no Porto, estava concessionada à Pefaco, S.A., empresa com sede em Espanha que também gere, em Portugal, o Bingo Nazaré e o Bingo Olhanense.

O coordenador do Sindicato da Hotelaria do Norte, Nuno Coelho, recordou esta quarta-feira que a luta pela reabertura da sala do Bingo do Boavista começou em março, com os trabalhadores a manifestarem-se várias vezes na cidade do Porto a pedir a reabertura da sala de jogo, bem como o pagamento de salários em atraso e acusando a Pefaco de ilegalidades.

Em agosto passado, cerca de 30 trabalhadores do Bingo do Boavista concentraram-se à porta do Ministério do Trabalho do Porto a pedir a reabertura da sala de jogo, o pagamento de salários em atraso e acusando a Pefaco de ilegalidades, entregando uma moção a exigir “que o Governo e a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) atuassem sem demora de acordo com as atribuições e competências” e que fosse “retirada a concessão à Pefaco”, bem como fosse “nomeada uma comissão administrativa” para a reaberta a sala do Bingo do Boavista e que fosse feito um novo concurso para a concessão daquela sala de jogo da cidade do Porto com a “garantia da manutenção de todos os postos de trabalho”.

O Bingo do Boavista tinha 62 trabalhadores em atividade antes de encerrar e “faturava mais de seis milhões de euros por ano”, indicou o sindicato.

Devido à situação dos salários em atraso, os 62 trabalhadores do Bingo do Boavista suspenderam o contrato de trabalho em março de 2021 e estão a receber um “valor miserável equivalente ao subsídio de desemprego”.

As salas de jogo do bingo, bem como os casinos, reabriram a 01 de maio. Contudo, as salas do bingo concessionadas à Pefaco não abriram e continuaram todas encerradas.