Falar do Bayern Munique é falar, claro está, de Lewandowski, o avançado polaco que mesmo já com 33 anos não dá muitos sinais de abrandamento. São golos, golos e mais golos. Todos anos, todas as épocas. Mas, para falar dele, mesmo sendo suspeito, nada melhor do o seu treinador (mais velho apenas um ano) Julian Nagelsmann: “Lewandowski merece a Bola de Ouro e acho que eles [France Football] têm de dar-lha, porque nos últimos três anos ele tem um histórico incrível, melhor do que qualquer outro jogador. É extremamente dinâmico, não se lesiona muito e treina intensamente. Acho que ele ainda tem alguns anos no mais alto nível porque organiza toda a sua vida para isso”.

Lewandowski era assim o ponta de lança e a peça mais avançada no terreno da grande engrenagem que é o Bayern Munique. Rolo compressor é uma expressão muito utilizada para definir o conjunto, e muitas vezes verdadeira, mas não é uma equipa invencível. Ao visitar este domingo o campo do Bayer Lerverkusen, que à entrada para esta 8.ª jornada da Bundesliga liderava com os bávaros o campeonato, a equipa de Munique tentava recuperar de um mau resultado, que aconteceu até em casa, na última ronda do campeonato alemão, por 1-2, frente ao Eintracht Frankfurt, antes da paragem para os jogos das seleções.

Assim, o Bayern Munique, próximo adversário do Benfica na Liga dos Campeões (visita a Luz a meio da semana), entrava no campo do Leverkusen não só a querer voltar às vitórias, como a querer deixar para trás uma equipa com os mesmos pontos. Queria e precisava de ganhar.

E quando o Bayern quer e precisa, a situação pode ser muito perigosa para os 11 homens vestidos com outro equipamento.

Tanto assim foi, que ainda as equipas estavam a aquecer quando surgiu o primeiro golo, para o lado do Bayern Munique, por intermédio de Lewandowski, quem mais? Livre marcado de forma comprida, Upamecano, que fez um jogaço, cabeceou, e o polaco apareceu a finalizar de calcanhar. Um grande golo logo aos 3′. Ainda faltavam quatro… só na primeira parte.

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Com uma fase de pressão asfixiante que, quando não funcionava, era colmatada pela rapidez de Upamecano em sair na antecipação, o Bayern foi dominando o jogo e construindo jogadas de golo com uma capacidade incrível, tendo por base não só as fantásticas intervenções de Kimmich (ao cuidado de Jorge Jesus, porque o rapaz alemão parece estar em todo lado no campo), como também a ajuda preciosa dos elementos mais avançados da equipa no processo defensivo.

Foi então a partir dos 30′ que o Leverkusen perdeu completamente o “Norte” e foi abalroado pelo conjunto de Munique, que marcou nesse minuto, depois de uma jogada de envolvência de toda a equipa desde trás, finalizada por, claro, Lewandowski (2-0). Passados quatro minutos, após um pormenor delicioso do centralão Sule, o remate do mesmo desvia em Müller e estava feito o 3-0.

Mais um minuto, mais um golo. Recuperação no último terço de Sané, a confirmar que são os primeiros e bons defesas de Nagelsmann, Müller serve Gnabry e o extremo alemão finalizou com classe… tal como fez três minutos depois, após uma tabela com Goretzka que o colocou Gnabry mais uma vez na cara do golo.

Conclusão? 5-0 para o Bayern Munique aos 38′.

No segundo tempo, o Bayer Leverkusen apareceu com cinco defesas ao invés dos iniciais quatro, o que poderia servir ao Bayern como treino para a tática do Benfica de Jorge Jesus, mas a equipa de Munique apareceu com um ritmo mais calmo. Nunca lento, sempre perigoso, mas mais calmo. Aliás, mesmo a jogar mais devagar a equipa de Nagelsmann encontrava muitos espaços à entrada da área do Bayer Leverkusen, o que já tinha sido bem visível na primeira parte. Contudo, foi mesmo a equipa da casa a marcar, por Schick, avançado checo que marcou o melhor golo do Euro 2020, frente à Escócia. Uma chapelada do meio-campo.

Até ao final do jogo não aconteceram mais remates certeiros, apesar de terem existido oportunidades para o efeito. Foi um dia não para o Bayer Leverkusen, mas apenas porque foi um dia ótimo para o Bayern Munique que nos primeiros 45′ trouxe mesmo o tal rolo compressor e fez um, dois, três, quatro, cinco golos em 38 minutos.

Antes da deslocação ao Estádio da Luz para defrontar o Benfica, a equipa bávara consegue “descansar” uma segunda parte quase inteira, o que não é boa notícia para os lisboetas, que já têm a complicada tarefa de enfrentar uma das melhores equipas do mundo.

O Bayern, além de sair de Leverkusen como líder da Bundesliga, sai moralizado, sai com golos e vem com a vontade toda a Portugal.