O primeiro-ministro pediu esta noite desculpa por o que diz ter sido “um lapso de não ter apresentado duas medidas relevantes” em matéria laboral aos patrões na última reunião da concertação social. Em causa está o aumento das compensações por despedimento e também o aumento do valor das horas extra que foram aprovadas no Conselho de Ministros desta quinta-feira sem conhecimento dos patrões, que se queixaram disso mesmo abandonando a Concertação Social.
À chegada à sede do PS, para uma reunião da Comissão Política Nacional, António Costa foi questionado sobre esta cisão dos patrões e justificou o que aconteceu na quinta-feira como “um lapso involuntário”. Costa disse também já ter “apresentado desculpas” ao presidente da CIP: “Quando alguém comete um erro, deve pedir desculpa”.
António Saraiva disse, já depois destas declarações de Costa, numa entrevista à TVI 24, que vai refletir sobre o pedido de desculpas do primeiro-ministro. Questionado sobre se acredita que se tratou de um “lapso”, Saraiva admitiu que “na política nada é por acaso” e diz que “o Governo, estando como está nesta cedência permanente para aprovar o Orçamento, vai cedendo a ganhos de causa do PCP e do Bloco de Esquerda”. Saraiva garantiu ainda que a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, informou os patrões, na reunião de quarta-feira, que o “documento analisado era o final”.
Esta sexta, os patrões anunciaram o abandono “imediato” da Concertação Social por as medidas apresentadas esta quinta-feira por parte do Governo — e que vão ser acrescentadas ao pacote de revisões do Código de Trabalho — não estarem na Agenda do Trabalho Digno apresentada na reunião da Concertação Social da passada quarta-feira.
O abandono pelos patrões da Concertação Social já fez o Presidente da República vir dizer publicamente que vai receber os parceiros patronais na próxima sexta-feira. É mais um sobressalto num momento de impasse político pela inexistência de um acordo para viabilizar o Orçamento do Estado para 2022.