Quem passa hoje na Avenida Dom Nuno Álvares Pereira, em Santiago do Cacém, encontra uma curiosíssima escultura feita de fibras, ferro e aço no centro de uma das suas rotundas: nela vemos umas mãos que seguram uma reprodução do primeiro automóvel a pisar solo nacional, um Panhard & Levassor, com três ocupantes a bordo.

Para perceber a razão de existir deste monumento é preciso recuar a 15 de outubro de 1895, o dia em que esse automóvel, de origem francesa, chegou à cidade alentejana vindo de Lisboa, conduzido pelo então Conde de Avillez, que ali tinha residência. Com ele, vinham outros dois passageiros: o engenheiro francês Jules Phillipe e Hidalgo de Vilhena, um fotógrafo local, amigo do conde.

Segundo os relatos da época, a viagem inaugural foi rica em peripécias. Começou na dificuldade em acertar no combustível: primeiro, encheram-no com petróleo, e só depois perceberam que se movia a gasolina. Depois, à passagem por Palmela, o Panhard & Levassor protagonizou o primeiro acidente de viação com um automóvel em território nacional – o atropelamento de um burro. Os relatos divergem: uns falam da morte imediata do animal, outros, da perícia do condutor em evitar males maiores.

O certo é que o automóvel chegou, apesar de tudo, ao seu destino. E por “apesar de tudo” entenda-se não só as ditas peripécias, mas também as limitações técnicas do Panhard & Levassor, que tinha rodas de ferro, sem pneumáticos, e não ultrapassava os 15 km/h.

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Automóvel: um símbolo de poder

Ao primeiro automóvel a circular em Portugal logo outros se seguiram. Mas não tantos como isso. Não só os automóveis não eram ainda produzidos em série – uma inovação que Henry Ford assinaria anos mais tarde –, como só membros da nobreza e da alta burguesia é que tinham poder de compra para os adquirir. Ou melhor, importar diretamente, já que não havia em território nacional intermediários para esse tipo de negócio.

O rei Dom Carlos foi um dos maiores entusiastas automobilísticos nesta época: fundou o Real Automóvel Clube de Portugal, cujo emblema desenhou, e comprou vários automóveis, que, tal como os seus filhos, fazia questão de conduzir.

Mas mais do que uma questão de utilidade, ter um automóvel nessa altura era, sobretudo, uma questão de estatuto. Até porque as estradas estavam pensadas para veículos de tração animal e peões, e não ofereciam condições de segurança e conforto para viagens longas ou frequentes.

1913: O primeiro mapa das estradas de Portugal

O primeiro mapa de estradas de Portugal é editado pelo ACP (que com a implementação da República perdera a designação “Real”) apenas em 1913. No ano seguinte, o Porto recebe o primeiro salão automóvel a acontecer no nosso país. E apesar de nas maiores cidades portuguesas já existirem, por esta altura, oficinas e representantes de diversos construtores, o automóvel continua, até à Primeira Guerra Mundial, a ser um luxo inalcançável para o grosso da população.

Dos loucos anos 20 ao pós-25 de abril na estrada

É no período pós-guerra, comummente referido como “os loucos anos 20”, que o número de automóveis em Portugal quadruplica e começa a tornar-se a presença dominante nas estradas. Estas passam, a partir de 1927, a ser geridas por uma nova entidade, a Junta Autónoma de Estradas.

A presença do automóvel em Portugal torna-se cada vez maior e as estradas vão, a pouco e pouco, melhorando: o troço Lisboa-Estádio Nacional da futura A5, inaugurado em 1944, é uma das primeiras autoestradas a surgir em todo o mundo. Nos anos 50 e 60 surgem os primeiros utilitários, viaturas mais pequenas, pensadas para o uso diário e familiar. A subida do nível de vida da generalidade da população, principalmente no pós-25 de abril, proporciona a massificação dos automóveis.

Comprar um automóvel: o antes e os dias de hoje

O que se procura, ao adquirir um automóvel, também vai mudando com o tempo. Se nos primeiros tempos, o objetivo é, em primeiro lugar, a exuberância e a afirmação de estatuto social, com a evolução dos tempos e dos próprios automóveis, os condutores vão dando cada vez mais importância a fatores como a segurança, o conforto dos passageiros ou o espaço da bagageira, entre outros.

A subida do preço dos combustíveis, a partir do final dos anos 70, e o aparecimento das primeiras preocupações ecológicas, traz outros fatores decisivos para cima da mesa, como o consumo médio ou as emissões de CO2.

E se até há 10/15 anos os negócios se faziam quase obrigatoriamente de forma presencial, em stands ou concessionários das marcas, hoje tudo mudou. É possível comprar um carro sem sair de casa e mesmo sem nunca o ter visto ao vivo, beneficiando do período de reflexão de compra de 14 dias.

Se pensarmos que o Conde de Avillez teve de viajar até Paris para encomendar um carro, desalfandegá-lo em Lisboa, prepará-lo  e transportá-lo de barco até à outra margem do Tejo para, só então, prosseguir viagem até ao seu destino, podemos ver que, em pouco mais de um século, muito mudou. Hoje, basta uma ligação à internet e um browser onde se possa escrever PiscaPisca.pt.

A plataforma PiscaPisca.pt – uma parceria entre o Credibom e a Associação Portuguesa de Comércio Automóvel – adaptou-se especialmente bem às novas tecnologias e às necessidades dos condutores do século XXI. As vantagens em utilizá-la estendem-se do momento da pesquisa – é possível responder a um quiz, pesquisar pelos inúmeros critérios disponíveis ou usar as listas pré-feitas que reúnem automóveis com características semelhantes – ao da própria compra, graças à certificação e avaliação dos vendedores, passando pela rapidez e facilidade da reserva e financiamento ou ainda o apoio jurídico dado pelos especialistas da DECO – Associação do Consumidor.

Algures, o Conde de Avilez estará, com certeza, roído de inveja.

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