Rui Rio entende que se Marcelo Rebelo de Sousa marcar eleições para lá de janeiro, ao “arrepio de tudo o que disse, então ficará claro que o Presidente da República escolheu o lado de Paulo Rangel. “As minhas desconfianças farão todo o sentido”, disse.

Em entrevista à SIC, o líder do PSD defendeu a realização de eleições para 9 de janeiro ou, no limite, para 16 de janeiro. “Não podemos esperar, Portugal em primeiro. Não podemos andar aqui com rodriguinhos”, defendeu.

Desafiado a revelar se vai ou não voltar a apresentar um pedido de adiamento de eleições internas, Rio acabou por não se comprometer. Mas foi cristalino apelo que fez: “Que ponderem o que se está a fazer ao partido. Acho que não devem existir eleições internas”.

Rio em choque frontal com Marcelo. Direção do PSD teme frete a Rangel

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Como explicava o Observador, o calendário interno do PSD cruza-se diretamente com o calendário das eleições legislativas — incluindo, no processo de elaboração de listas. Se as eleições forem a 9 ou a 16 de janeiro, como admite a direção de Rui Rio, Paulo Rangel não teria manifestamente oportunidade de conduzir o processo, o que levaria a uma situação esdrúxula: Rangel poderia ganhar o partido a 4 de dezembro, mas não teria como escolher a equipa e o programa a ir a votos.

As contas fazem-se facilmente: se as eleições legislativas forem forem a 9 de janeiro, o PSD teria de entregar as listas até ao dia 29 de novembro de 2021; se as legislativas forem a 16 de janeiro, o PSD teria de entregar as listas até ao dia 6 de dezembro. Com as diretas a 4 de dezembro, Rangel não estaria em condições de liderar esse processo — o líder do PSD só é legimitado em congresso.

Se os dois candidatos viessem a fazer um esforço de consensualização na elaboração das listas de candidatos a deputados a questão perderia naturalmente força na discussão interna do partido. Alguns dirigentes sociais-democratas, terão tentado sensibilizar a candidatura de Rio para a questão, mas os mais próximos do líder do PSD terão manifestado pouca abertura para aceitar essa solução.

Nesta entrevista à SIC, Rio foi confrontado com essa hipótese. Não só não se comprometeu, como deixou um aviso: “Como as coisas estão, as listas devem ser feitas pelos órgãos que estão em funções”.

O líder do PSD disse ainda estar “dividido” quanto a uma eventual coligação com o CDS. “Não tenho posição fechada sobre coligação com o CDS“, assumiu.

Sobre a hipótese de vir a formar um bloco central com o PS, já recusada por Paulo Rangel, Rio deixou claro que rejeitará entrar formalmente num governo socialista, mas admite conversar com o PS. Dizer o contrário, argumentou Rio, seria “contra o interesse nacional”.

Quanto a coligações com o Chega, o líder do PSD claro: “Se o Chega se moderar podemos falar, se não se moderar não podemos falar. Não se moderou”, rematou.