Entrou de olhos a brilhar depois de uma curta conversa com Sérgio Conceição, já não conseguiu chegar a um bom passe de Fábio Vieira quando fez a diagonal para a área, estreou-se a marcar de calcanhar logo no primeiro jogo pela equipa principal depois de assistência de Luis Díaz, mereceu cumprimentos especiais de todos os elementos azuis e brancos após o apito final, parecia um miúdo a ter a primeira aula quando se juntou aos companheiros na habitual roda no centro do relvado. Danny Loader, ou Namaso como tem na camisola, era um nome que muitos poderiam não conhecer mas o cartão de visita não deixou dúvida.

Os movimentos de Taremi deixam tudo aVARiado (a crónica do FC Porto-Boavista)

O avançado inglês de 21 anos, que chegou na última temporada ao Olival após duas épocas em que jogou metade da época na equipa principal do Reading na sequência do título mundial de Sub-17 (e uma final do Europeu perdida na mesma categoria) em 2017 onde foi a “sombra” de nomes de peso do futebol britânico como Phil Foden ou Jadon Sancho, teve uma boa estreia pelos dragões, participando em 32 jogos da equipa B portista em 2020/21 com oito golos e duas assistências. Esta época, Danny Loader levava oito partidas com um golo também na formação secundária dos azuis e brancos, sendo chamado pela primeira vez por Sérgio Conceição perante a ausência de Toni Martínez da convocatória. Esta noite, tornou-se apenas no segundo inglês a jogar pelo FC Porto, depois de Norman Hall na década de 20.

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A estreia, essa, não poderia ter sido melhor, sucedendo a Otamendi, Janko, Jackson Martínez, Licá, Rúben Neves, Corona, Soares, Galeno e Marius como os jogadores que marcaram logo no jogo de estreia. “É um jovem que tem estado muitíssimo bem, como outros, na equipa B. Estamos atentos. Percebendo que era importante ter soluções ofensivas no banco, e que dentro desses parâmetros que acho que são essenciais para se representar o FC Porto, tivesse soluções para o caso de necessidade. Foi o caso, o Evanilson saiu tocado. [Loader] Faz parte do grupo profissional do FC Porto. Estamos atentos, muitas vezes o trabalho é feito em conjunto, por isso, nada de especial, uma questão de opção”, destacou Sérgio Conceição.

No entanto, o destaque das palavras do treinador portista após a goleada com o Boavista foi outro também envolvendo um avançado, Taremi, que saiu aos 70 minutos após cair pela terceira vez na área sem que árbitro e VAR assinalassem qualquer infração e quando já tinha um amarelo. “Substituição? Uma questão de gestão, o Taremi podia estar o jogo todo e ia ser difícil. Sofreu duas faltas e podiam ter assinaladas muitas mais. Há situações que não entendo. É exatamente por isso. Viu o que se passou no jogo. Já disse o que tinha a dizer. Não me sinto condicionado em falar sobre este ambiente que se criou em torno de dois ou três jogadores do FC Porto. Isto é o futebol português. Há muita falta de caráter e corporativismo a mais em determinados setores que eu não me revejo. Podem meter-me os processos que quiserem que vou continuar a falar de forma direta e frontal”, disse na flash interview da SportTV.

“Este jogo não foi reação a nada, foi aquilo que foi preparado para o jogo e o mérito foi principalmente deles, dos jogadores. Fizemos um jogo completo, criámos muitas dificuldades ao Boavista, uma equipa que tem um outro jogador com qualidade. Fizemos o 2-0, podíamos ter ficado em superioridade numérica, mas não aconteceu. Fomos sempre à procura dos golos, surgiram quatro mas podiam ter surgido mais frente a um Boavista que tem feito um Campeonato muito interessante e bem treinado pelo João [Pedro Sousa]. Sabíamos qual era o comportamento da linha defensiva do Boavista mas depois em encontrar os espaços penso que foi aí que esteve o segredo da partida”, acrescentou sobre a análise ao encontro.

Mais tarde, na conferência de imprensa, Sérgio Conceição voltou ao tema dos penáltis não assinalados sobre Taremi e confessou até um sentimento agridoce no final de uma goleada no dérbi da Invicta. “Quero saber é se com estas palavras a APAF me vai meter mais um processo ou se vai olhar para o trabalho que é feito em campo de quem tem de olhar. É das vitórias com que me sinto mais triste. Por tudo o que se passa no futebol português, esta campanha em torno de um ou outro jogador do FC Porto, este ambiente que se cria. Não tenho explicação para situações tão claras que deixam passar desta forma. Se calhar porque o Sérgio Conceição fala e mete a classe onde eles não gostam. O Taremi é um excelente jogador, inteligente a jogar, os adversários têm muita dificuldade em perceber o tipo de movimentação. Aconteceu hoje e trataram de arranjar uma forma de o condicionar ao máximo. Começa a ser demais. As situações são tão evidentes que nem vale a pena falar mais”, comentou o treinador dos azuis e brancos.