Depois de ter visto a vitória da Roma com o Cagliari na bancada, José Mourinho fez um pouco de tudo para evitar grandes reações à arbitragem no último jogo realizado no Olímpico com o AC Milan, entre várias decisões que foram deixando o técnico visivelmente irritado. Quase no final, perante uma falta assinalada a favor dos visitantes numa altura de maior pressão dos romanos em busca do empate, o português fez até um sprint como o que fizera até perto da curva sul do estádio para celebrar o golo da vitória no jogo 1.000 como técnico mas desta vez em direção ao banco para exteriorizar dentro do possível essa frustração. No entanto, as queixas eram mais do que visíveis e foram confessadas na zona de entrevistas rápidas.

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“Dou os parabéns ao AC Milan. Não quero dizer mais nada porque caso contrário não estarei no banco na próxima semana. Estou irritado pela falta de respeito para com os adeptos da Roma. Não jogámos bem mas deixámos tudo em campo. Temos esse respeito mas os outros não e isso irrita-me. Apenas isso”, referiu numa flash interview que fez jus à génese do nome falando à DAZN após a derrota com o líder da Serie A que tirou pela primeira vez a equipa dos lugares de acesso à Liga dos Campeões. Ainda assim, essa questão da arbitragem não estava esquecida e, na antecâmara da Conference League, voltou à baila.

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“Um penálti foi repetido, outro não. A ver se adivinham qual foi…”, questionou na sua página oficial do Instagram com imagens da grande penalidade convertida por Dybala frente ao Zenit na Liga dos Campeões e do castigo máximo transformado por Veretout em Turim que foi mandado repetir por invasão da área. O momento não é o melhor para os romanos mas era neste contexto de protestos com as arbitragens, que se alargaram a outros responsáveis do clube como o diretor desportivo Tiago Pinto, que chegava a receção ao Bodo/Glimt apenas duas semanas depois da maior derrota de sempre do treinador na carreira (6-1).

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“Teremos mais dois jogos pela frente na Conference League, este não é um daqueles que coloca muita pressão, mas claro que ainda não esquecemos o jogo de Bodo. Queremos vencer para ser os primeiros do grupo. Se os que jogaram na Noruega terão uma nova oportunidade? Todos falhámos lá, não quero dizer que um errou mais do que outro. Perdemos como equipa e amanhã [quinta-feira] queremos ganhar como equipa. Não vai jogar a mesma equipa, obviamente. Até depois do jogo eu disse que tinha medo do frio, lesões e cansaço mas não do jogo ou de uma derrota”, comentara na antecâmara do encontro.

Embora tivesse promovido algumas mexidas na equipa, como a colocação de Ibañez à esquerda com a descida de Cristante para central e a entrada de Darboe para o meio ou a ausência de Pellegini, Mourinho apostou na “melhor equipa”, os tais 12 ou 13 jogadores que referiu após a derrocada na Noruega, mas nem por isso o filme mudou assim tanto. É certo que, depois de algumas boas saídas do Bodo/Glimt, a Roma agarrou no jogo no primeiro tempo, teve boas oportunidades por Tammy Abraham, Mancini e Zaniolo, mas acabou por ir em desvantagem para o descanso com um golo em cima do intervalo de Solbakken, um dos principais terrores no primeiro duelo que voltou a fazer um golo fabuloso de pé esquerdo ao ângulo.

No segundo tempo, a atitude e vontade dos romanos foi diferente, com El Shaarawy a fazer o empate com um remate em jeito na área descaído sobre a esquerda (54′) mas Botheim, aproveitando o balanceamento ofensivo dos transalpinos que deixava depois muitos espaços nas transições, voltou também a marcar como no jogo na Noruega e devolveu a vantagem ao Bodo/Glimt (65′). A Roma passava a ter apenas 25 minutos para evitar a derrota mas, apesar de mais uma série de oportunidades não aproveitadas já como unidades como Shomurodov, Carles Pérez ou Borja Mayoral em campo, o máximo que conseguiu foi mesmo empatar por Ibañez a seis minutos do final, segurando um empate que deixa a equipa no segundo lugar do grupo com sete pontos, a um do Bodo/Glimt e com mais do que o próximo adversário Zorya.

“Se pudesse jogava sempre com o mesmo onze. É arriscado, porque temos uma enorme diferença de qualidade entre os dois grupos de jogadores. Sei os limites do plantel, não é algo novo para mim, mas esperava uma resposta melhor. Como disse, a escolha do onze foi minha e a responsabilidade também. Todas as derrotas provocam danos. Falei com os jogadores e fui honesto com eles, algo que não posso ser convosco [imprensa]. Nunca escondi que este plantel tem limitações claras. Temos 13 jogadores que representam uma equipa, os outros estão noutro nível. A única coisa positiva daqui para a frente é que agora ninguém me vai perguntar por que jogo sempre com os mesmos jogadores”, tinha dito Mourinho no final do jogo na Noruega. Afinal, contas feitas, nem mesmo com esses conseguiu vingar a goleada, sendo que o principal alvo depois do encontro voltou a ser a equipa de arbitragem grega.

“Não fizemos um grande jogo, cometemos muitos erros, nomeadamente na fase de construção, e mais à frente houve enormes dificuldades, com várias perdas de bola de Zaniolo e Abraham. Mas ficaram por assinalar dois penáltis claros. Ele [árbitro] agora volta descansado para a Grécia, mas a verdade é que na Conference League há árbitros de fraca qualidade, a começarem a sua carreira internacional. A arbitragem é absolutamente decisiva. Não disse nada depois do jogo na Noruega porque o resultado não se deveu aos árbitros. Hoje, desculpem, tenho de dizer, houve dois penáltis claros”, comentou Mourinho.