Era a última corrida do Mundial — mas era muito mais do que isso. Com o campeão já encontrado em Fabio Quartararo, com a ausência de Marc Márquez já confirmada, com poucas contas por fechar na classificação final, a última corrida do Mundial de Moto GP de 2021 era também a última corrida da carreira de Valentino Rossi.

Aos 42 anos, depois de nove títulos mundiais e mais de duas décadas a acelerar nos principais circuitos internacionais, o piloto italiano despedia-se no Grande Prémio de Valencia. Homenageado pela organização do Mundial e pelos próprios companheiros de pista, pelas bancadas que se encheram de amarelo e até por Ronaldo “Fenómeno”, que visitou o paddock simplesmente para o abraçar, Valentino Rossi reagia ao apagar dos semáforos pela última vez.

“Honestamente, não sei o que vai acontecer depois da corrida. Espero fazer uma boa corrida, chegar ao fim e honestamente não consigo prever como é que me vou sentir. Mas normalmente consigo aproveitar estas situações e nos dias especiais até consigo rir-me. Não choro muito porque a minha personalidade não é assim. Não sei, mas espero mesmo não chorar”, disse o piloto ao longo do fim de semana, mantendo o carisma que o tornou a cara do Moto GP e que dificilmente encontrará substituto. Certo é que, com lágrimas ou sorrisos, o universo estava a olhar para Valentino Rossi: o italiano despedia-se no dia 14/11/21 e 14+11+21 são 46, o histórico número que o acompanhou durante toda a carreira e que é agora um autêntico símbolo.

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Numa corrida onde Valentino Rossi saía no 10.º lugar da grelha de partida, Jorge Martín conquistou a pole-position para a Pramac Racing e foi seguido de perto pelas Ducati de Pecco Bagnaia e Jack Miller, com o campeão Fabio Quartararo a não conseguir melhor do que a oitava posição. Mais atrás, no penúltimo lugar, estava Miguel Oliveira: o piloto português não foi além do 20.º lugar, registou uma das piores qualificações desde que está no Moto GP e partiu para o GP de Valencia com poucos objetivos, tendo como principal meta voltar a um top 10 que já não alcançava desde junho.

No arranque, Martín aguentou o ataque das Ducati e segurou a liderança, com Jack Miller a subir ao segundo lugar e Pecco Bagnaia a cair para quarto graças a uma ultrapassagem de Joan Mir. Lá atrás, Miguel Oliveira registou um bom início e saltou de imediato para a 15.ª posição, afastando-se da cauda do pelotão. Jorge Martín chegou a perder a liderança momentaneamente depois da primeira volta, graças a um ataque de Miller, mas recuperou-a e viu Bagnaia acelerar para voltar ao segundo lugar ultrapassando não só o colega de equipa como também Joan Mir.

Na volta 11, numa altura em que estava a lutar para tentar entrar no pódio, Álex Rins caiu e motivou a subida de Miguel Oliveira ao 14.º lugar. Pecco Bagnaia ultrapassou Jorge Martín pouco depois, assumindo a liderança da corrida, e acelerou para conquistar a melhor volta e registar um novo recorde do circuito de Valencia, dilatando a vantagem para os principais rivais e deixando desde logo um aviso à navegação para o próximo ano. Nesta altura, Valentino Rossi ia rodando na 10.ª posição e Jack Miller tinha voltado ao pódio depois de superar Mir, colocando três Ducati nos três primeiros lugares.

Até ao fim, já pouco se alterou. Pecco Bagnaia venceu o GP de Valencia e cimentou o segundo lugar da classificação geral, tornando-se novamente um sério candidato ao título no próximo ano. Jorge Martín e Jack Miller completaram o pódio e Miguel Oliveira cortou a meta no 14.º lugar, falhando o top 10 na corrida e falhando também o top 10 no Mundial, já que os dois pontos que alcançou não chegaram para evitar a 14.ª posição geral. Valentino Rossi, por sua vez, acabou o último Grande Prémio da carreira em 10.º.