Depois de mais uma desistência em prova na penúltima corrida do Mundial e logo no Algarve com público nas bancadas, numa altura em que rodava no top 10 a duas voltas do final mas acabou por ser “abalroado” por Iker Lecuona numa curva, não sobravam grandes objetivos para Miguel Oliveira na derradeira prova de 2021. Pelo menos objetivos tangíveis. A hipótese de ganhar era muito improvável pelos tempos registados nas duas primeiras sessões de treinos livres, o pódio também surgia como um cenário demasiado difícil. Em termos práticos, sobrava talvez a oportunidade de voltar a um top 10, algo que não acontecia desde o final de junho, e uma pequena janela de fechar o Mundial ainda nos dez primeiros. E apenas isso.

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A oito pontos de Pol Espargaró, antigo companheiro na KTM que teve uma época de estreia desapontante na Honda, tendo ainda Álex Rins e Enea Bastianini pelo meio, o português chegava ao Grande Prémio da Comunidade Valenciana na 13.ª posição do Mundial num contexto de resultados falhados a seguir à fase de sonho que teve entre maio e junho, de Itália aos Países Baixos, quando em quatro provas conseguiu uma vitória, três pódios e quatro corridas seguidas no top 5. A partir daí, em oito corridas, não terminou metade e não mais voltou ao top 10. Agora poderia surgir um último voo mais a sério do Falcão que conseguisse fintar todos os problemas que foi sentindo com a moto, entre questões físicas após quedas.

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No final das duas sessões iniciais de treinos livres, esta sexta-feira, Miguel Oliveira não foi além do 17.º registo de um dia com condições diferentes entre chuva de manhã (onde foi terceiro) e pista seca à tarde. “Foram condições diferentes entre as duas sessões. [Senti] algumas dificuldades para encontrar o ponto de viragem com a mota. O pneu macio usado no final da segunda sessão não era o ideal. Foi um dia regular, nada de extraordinário. Já sabíamos da possibilidade de chover, tínhamos de nos adaptar. Tínhamos duas motas, para uma ficar com afinações de chuva e outra de seco, mas afeta a todos da mesma forma. Só a curva 1 era um pouco mais complicada”, comentou o português em jeito de resumo do primeiro dia.

Este sábado, o filme foi ainda pior, com o piloto da KTM a não passar do 19.º melhor registo de manhã, na terceira sessão de treinos livres, falhando assim a passagem direta para a Q2 e não tendo à partida grandes condições para ser um dos melhores no Q1 perante os tempos que se verificaram na FP3. A quarta e última sessão de treinos livres, que trouxe um período de testes de pneus por vários pilotos já qualificados para a Q2, acabou com Oliveira no oitavo lugar. Seguia-se a Q1 e a derradeira chance de sair mais à frente.

O início foi prometedor para o português, que começou por fixar-se nos dois primeiros lugares a par de Maverick Viñales e baixou depois uma posição a seguir à segunda volta lançada atrás de Álex Rins e Brad Binder que tinham conseguido marcar um tempo abaixo de 1.31. No entanto, e após a primeira paragem, Miguel Oliveira já se encontrava no sétimo lugar, necessitando de uma volta canhão para aceder à Q2 que não apareceu, acabando por cair para a 20.ª posição naquela que foi uma das piores qualificações do ano (acabou com o pior tempo entre os pilotos que estavam em pista, tendo em conta que Pol Espargaró nem arrancou) e que colocou Rins e o companheiro Binder na Q2 para disputarem os 12 primeiros lugares.

Na Q2, Jorge Martín conseguiu garantir a pole position (1.29,936), ficando à frente de Pecco Bagnaia (1.30,000) e Jack Miller (1.30,325). Brad Binder, o único elemento da KTM e da Tech3 a passar da Q1 para a Q2, assegurou o sétimo tempo, o primeiro da terceira linha. Joan Mir, Zarco e Rins saem da segunda linha, confirmando o domínio de Ducatis e Suzukis nesta última prova do calendário de 2021.