O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, afirmou esta terça-feira que as declarações de André Ventura, que ameaçou retirar o apoio parlamentar do Chega, não podem sequer perturbar o executivo açoriano de coligação PSD/CDS-PP/PPM.

“[A ameaça] não pode sequer perturbar um governo convicto dos seus compromissos de cumprir o seu programa do governo e de cumprir as suas Orientações de Médio Prazo e de ser solidário com o desenvolvimento dos Açores”, afirmou o presidente do Governo Regional, em Santa Cruz das Flores, quando questionado pelos jornalistas sobre as declarações do líder nacional do Chega.

André Ventura ameaçou “quebrar qualquer entendimento” com o PSD, incluindo nos Açores, onde o partido tem um acordo de incidência parlamentar, se os sociais-democratas “derem as mãos ao PS no Governo nacional” após as legislativas.

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José Manuel Boleiro disse ter “confiança de que as pessoas saibam assumir as suas responsabilidades” quanto aos acordos que suportam o governo açoriano.

“Nós assumimos a nossas responsabilidades e estou convencido de que todos saberão assumir as suas e, desde logo, o povo, porque em democracia qualquer dúvida é devolvida sempre a palavra ao povo“, apontou.

Apesar de não querer comentar “a atitude” de André Ventura, o social-democrata disse estar seguro quanto à estabilidade do executivo açoriano.

Continuo confiante na estabilidade e neste compromisso que é duas vias: a responsabilidade do governo em garantir o cumprimento dos seus compromissos como também a expectativa de que todos assumam o cumprimento dos seus compromissos”, advogou.

As declarações de André Ventura surgiram na sequência das palavras do líder do PSD, Rui Rio, que, em entrevista à Antena 1, afirmou que abdicaria de formar um Governo caso isso dependesse do Chega.

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A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).

Nos Açores, PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação.

A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com a IL. O deputado não inscrito Carlos Furtado manteve o apoio ao Governo dos Açores.