Quais as próximas grandes crises de saúde que Portugal enfrentará? Um estudo apresentado esta terça-feira revela que a maioria dos portugueses inquiridos estão sobretudo preocupados com doenças de infectocontagiosas (31,5%), seguindo-se a preocupação com doenças do foro mental (28,3%).

Intitulado “Necessidades não atendidas e soluções para crises em saúde em Portugal”, o estudo foi promovido pela Angelini Pharma Portugal e é apresentado esta terça-feira na Conferência “Reflexões AUA! Como será o futuro pós pandemia”.

De acordo com um comunicado enviado às redações, quase 63% dos inquiridos defende uma reorganização do Sistema Nacional de Saúde (SNS), sedo que 60% defende ainda que deve ser o Governo a ter um papel mais ativo nas futuras crises que surgirem. Apenas 7,5%, contudo, consideram necessário melhorar a educação e a literacia para a saúde.

As questões apontadas como sendo mais problemáticas na saúde em Portugal são as listas de espera para consultas e exames (64,6%), o número reduzido de profissionais na área da saúde (60,7%) e ainda as listas de espera para tratamentos e cirurgias (52,3%).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assim, devem ser, para os portugueses questionados pelo estudo, tomadas medidas urgentes como a contratação de mais profissionais (45,9%), a melhoria dos serviços hospitalares (31%) e a melhoria dos cuidados primários (17%).

Já relativamente à pandemia provocada pela Covid-19, 30,8% dos portugueses teve dificuldade em aceder aos cuidados de saúde, sendo que, destes, 72% teve dificuldades ao nível do agendamento de consultas de rotina no SNS. Foram, nesta área, mais afetados os cidadãos com idades mais altas e rendimentos mais baixos.

A maioria dos inquiridos conseguiu aceder, durante a pandemia, a informação sobre saúde, mas os profissionais de saúde foram apenas a terceira escolha na recolha de informações, com a internet em primeiro lugar (61,3%) e a televisão em segundo (48,6%).

Ainda de acordo com o inquérito, a informação disponibilizada pela Direção Geral de Saúde durante a pandemia foi considerada relevante pela maioria dos inquiridos e não levantou problemas de compreensão. O processo de vacinação foi também indicado como tendo sido mais bem gerido pelas entidades competentes. A pior gestão, para os portugueses, foi a dos apoios sociais, dos cuidados de saúde primários e da educação.

Os centros de saúde e as Unidades de Saúde Familiar foram apontados como as instituições mais relevantes na rede de cuidados de saúde.

O estudo foi levado a cabo em outubro deste ano, e teve como objetivo tentar “perceber quais foram as principais necessidades e dificuldades da população durante a pandemia, bem como a forma como esta alterou as suas perceções sobre a área da saúde em Portugal”.

Foram inquiridas mil pessoas, entre os 18 e os 80 anos, com diferentes agregados familiares, regiões de residência, graus de escolaridade e condição profissional.

Programa da conferência sobre a pandemia e a saúde em Portugal

Na conferência desta terça-feira, realizada em conjunto com a edição do Angelini University Award (AUA!), é ainda distinguido com o Prémio de Jornalismo o melhor trabalho publicado sobre a área da saúde durante o ano de 2021. A cerimónia tem lugar no Teatro Thalia, em Lisboa, com transmissão na página de Facebook da cerimónia.

O evento conta com a presença da diretora da DGS, Graça Freitas, o Bastonário da Ordem dos Médicos, os presidentes das associações portuguesas de Medicina Geral e Familiar, assim como de Psiquiatria e Saúde Mental, além de um testemunho do Vice-Almirante Gouveia e Melo.