A derrota de Portugal frente à França no jogo de atribuição do quinto e sexto lugares do Mundial de 2007, já depois de um triunfo nacional na fase de grupos de forma folgada, acabou por ser literalmente uma exceção dentro da regra que são os confrontos entre as duas seleções sempre com a vitória do mesmo. No entanto, e no meio desse domínio, os números foram mudando, as goleadas começaram a ser raras e as duas últimas vitórias surgiram pela margem mínima. A Seleção teve o condão de conseguir renovar-se ao longo dos anos, sagrando-se campeã mundial em 2019. Os gauleses não ficaram atrás. Pelo contrário.
Muda aos três, acaba aos dez: Portugal goleia Alemanha no arranque do Europeu de hóquei em patins
Assente na magia dos três irmãos Di Benedetto (principalmente Carlo, de 25 anos do FC Porto e Roberto, de 24 anos do Liceo), a França deu uma grande resposta logo a abrir o Europeu com um triunfo por 8-5 diante da Itália que quebrou o ligeiro favoritismo com que partiam os transalpinos e mostrou que os vaticínios de vários elementos de Portugal, que colocavam os gauleses entre os candidatos, não eram exagerados. Agora seguia-se o duelo entre ambos, o 48.º entre ambas as seleções com um total de 42 vitórias de Portugal. E com uma goleada diante da Alemanha por 10-0 para dar mais confiança à equipa.
“Durante a primeira parte deste jogo com a Alemanha estávamos um pouco ansiosos por ser o primeiro jogo, na segunda as coisas foram feitas com mais clarividência da nossa parte. É importante para ganhar confiança. Vitória da França com a Itália? Para mim, não é uma surpresa. Vamos ter pela frente uma França difícil e muito motivada”, comentara o selecionador Renato Garrido após uma estreia que mostrou as fragilidades do conjunto germânico (a par de Andorra) mas que antecedia os três encontros com adversários mais diretos na fase de grupos que começavam com França e que terão depois Itália e Espanha. E a série não poderia ter começado pior, com os gauleses a conseguirem mesmo surpreender a Seleção.
Os gauleses não demoraram a esfriar o ambiente quente das bancadas do Multiusos de Paredes, com um dos irmãos Di Benedetto, Roberto, a aproveitar uma entrada pela direita para colocar a bola em jeito nas costas de Ângelo Girão e inaugurar o marcador (4′). Portugal acusou o golo, nunca conseguiu atacar da mesma forma clarividente, nem de meia distância conseguiu fazer a diferença e acabou por ser a França a aumentar a vantagem pelo portista Carlo Di Benedetto, numa grande jogada individual com remate em zona frontal (9′). Apesar da qualidade manifesta do conjunto adversário, a Seleção era uma sombra do que pode fazer e partia agora para um jogo de características diferentes com dois golos de desvantagem.
Portugal tentava subir a sua produção coletiva e em termos ofensivos mas foi encontrando sempre uma França muito confortável na frente do marcador, a defender melhor do que tinha feito contra a Itália e sem nunca perder de vista a baliza de Girão. Baptiste Bonneau, guarda-redes de 28 anos que fez grande parte da carreira no Nantes antes de se mudar para Espanha (primeiro no Cerdanyola, agora no Espanyol), esteve também em plano de evidência entre os postes, parando não só as meias distâncias que iam saindo como as raras situações de 2×1 como aconteceu num lance em que Gonçalo Alves isolou João Rodrigues. Com os minutos a passarem, o intervalo chegaria mesmo com o 2-0 para os gauleses e um cartão azul duplo a Gonçalo Alves e Roberto Di Benedetto a menos de um minuto e meio do apito para o descanso.
Algo teria de mudar no segundo tempo e esse sinal demorou menos de um minuto a chegar, com Carlo Di Benedetto a ver o cartão azul após uma falta mais dura sobre Hélder Nunes (que deixou o jogador muito queixoso da mão) e João Rodrigues a fazer o 2-1 na recarga do livre direto (26′). Estava dado o mote para a recuperação, com Portugal a ter uma defesa mais agressiva e pressionante ao mesmo tempo que mostrava outras valias para empurrar o quadrado defensivo gaulês para trás, criando condições para chegar à baliza de Bonneau de outra forma com Rafa a ter duas chances flagrantes para fazer o empate enquanto a França tentava manter o tempo de ataque mais longo para colocar algum “gelo” no encontro.
Com algumas das principais unidades sem conseguirem “engatar” como normal e o avolumar de faltas que colocou a Seleção em risco nos últimos sete minutos com nove faltas, Gonçalo Alves ainda foi tentando rematar contra a maré de uma equipa francesa confiante e que voltou a defender melhor mas Bonneau continuou a encher a baliza, travando mais um lance muito perigoso do número 77 nacional antes de Roberto Di Benedetto sair disparado numa transição para um golo fantástico ao ângulo (45′). João Rodrigues e Hélder Nunes, em lances seguidos, acertaram no ferro antes de mais quatro golos nos minutos finais de Carlo Di Benedetto (47′, de livre direto), João Rodrigues (49′, numa insistência na área), Roberto Di Benedetto (49′, num lance individual) e Gonçalo Alves (50′, num tiro de meia distância).