“Portugal, Espanha e Itália são os crónicos candidatos, a França tem vindo a aparecer, com jogadores a disputar os melhores campeonatos europeus e acho que um dia vão criar surpresas, espero que não seja neste Europeu. Espanha e Itália têm selecionador novos, sabemos as ideias, mas não os vimos em competição ainda. Vamos ter a possibilidade de compreender o modelo de jogo eles”, dizia Renato Garrido, selecionador nacional, na antecâmara do arranque do Europeu de hóquei em patins, em Paredes. “Acredito que será o Campeonato mais equilibrado de sempre, com resultados não muito desequilibrados”, tinha defendido também uns dias antes Ângelo Girão, experiente guarda-redes da Seleção e do Sporting.

[Ouça aqui a antevisão do presidente da Federação e antigo selecionador, Luís Sénica, à Rádio Observador]

Europeu de Hóquei em Patins. “Queremos que este campeonato fique em Portugal”

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Apesar de ter apenas seis equipas, o Europeu tinha todas as condições para ser um grande cartão de visita para a modalidade até para aqueles com menos tradição e a primeira “surpresa” surgiu logo a abrir com a França dos três irmãos Di Benedetto (Carlo do FC Porto, Roberto do Liceo e Bruno do Lleida) a derrotar a Itália num jogo muito movimentado com 13 golos (8-5), 26 faltas, seis livres diretos e duas advertências. No caso do encontro de Portugal com a Alemanha, à semelhança do que acontecera entre Espanha e Andorra (11-0 para a Roja), essa probabilidade era bem menor no plano teórico mas nem por isso deixava de haver a quase normal “ansiedade” dos minutos iniciais de uma grande competição realizada “em casa”.

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“Lido bem com o favoritismo mas diz-me pouco. Somos os campeões do mundo mas não somos os melhores do mundo. Para marcarmos uma geração precisamos de uma continuidade de vitórias. Se conseguirmos este Europeu, começamos a dar continuidade. Já vencemos em 2016, esta é uma geração de muita qualidade. Temos o talento para vencer qualquer prova mas não somos os únicos candidatos”, começou por dizer. O primeiro jogo é fundamental. São sempre importantes, porque por vezes custa arrancar. Vamos jogo a jogo, é importante começar bem, para ganhar confiança para os outros jogos”, acrescentou na análise global Renato Garrido, assumindo que Alemanha e Andorra estão noutro patamar.

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Foi isso que se viu na estreia com os germânicos, com Portugal a mostrar-se sempre superior mas a ter algumas dificuldades em criar ocasiões nos minutos iniciais, a desmontar depois a bem organizada defesa contrária com remates de meia distância e a partir de forma convincente para a goleada com uma grande entrada após o intervalo, num resultado que terminou em 10-0 mas que podia ter outra expressão.

Com Girão na baliza e um quarteto de campo de vocação ofensiva a ter Henrique Magalhães, Hélder Nunes, João Rodrigues e Gonçalo Alves, Portugal teve algumas dificuldades iniciais para entrar no jogo, não só na escassez de remates à baliza de Jan Kutscha mas no número de ocasiões em que os alemães conseguiram colocar à prova o guarda-redes nacionais. Renato Garrido percebia essa entrada titubeante e não demorou a pedir à mesa o primeiro desconto de tempo do encontro, que chegou já com o 1-0 no marcador na sequência de um remate fantástico de meia distância que bateu ainda no poste antes de entrar (8′). A vantagem inicial estava conseguida, os acertos para melhorar a produção coletiva viriam pouco depois.

A pressão mais adiantada não estava a funcionar como Portugal pretendia e foi quando a linha baixou para o seu meio rinque que começaram a surgir mais espaços e oportunidades para dilatar de forma natural o marcador, juntando a isso o aumento de velocidade com as entradas de Rafa, Telmo Pinto, Diogo Rafael e Jorge Silva. Telmo Pinto fez o 2-0 apenas uns segundos depois de Jorge Silva acertar no poste (13′), Jorge Silva a quebrar uma fase menos conseguida no ataque aumentou para 3-0 num tiro de meia distância (18′) e o resultado só não se avolumou mais até ao intervalo por algum excesso de altruísmo na altura de visar a baliza – o que fez com que os três golos surgissem todos na sequência de remates de longe.

Com jogos numa cadência diária até sábado, Renato Garrido optou por gerir os dez elementos, incluindo na baliza Pedro Henriques em vez de Girão e “misturando” elementos que tinham começado de início com outros que tinham saído do banco no decorrer da primeira parte. Ainda assim, a reentrada em campo foi determinante para cavar de vez a diferença, com quatro golos em pouco mais de quatro minutos por Gonçalo Alves (27′, de meia distância), Jorge Silva (29′, num desvio oportuno na área com uma mão), Henrique Magalhães (30′, na sequência de uma jogada individual) e Telmo Pinto (31′, a beneficiar de um lance dividido para dar depois o toque final) a colocarem o resultado em 7-0 logo a abrir.

O encontro que estava há muito decidido ficava apenas à espera do desfecho final, que teve ainda mais três golos por Diogo Rafael (40′), João Rodrigues (47′) e Rafa (48′). Segue-se na caminhada nacional a França, um encontro onde Portugal volta a ter algum favoritismo teórico mas onde irá encontrar outro tipo de dificuldades até pelo que se viu no duelo entre os gauleses e a Itália no arranque deste Europeu.