É necessário vacinar 99% das pessoas a partir dos 65 anos elegíveis para a dose de reforço antes do Natal para evitar uma onda pandémica no início do próximo ano que ultrapasse as linhas vermelhas relacionadas com a pressão hospitalar — 255 camas ocupadas por doentes de Covid-19 em Cuidados Intensivos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

O alerta foi deixado por Baltazar Nunes, epidemiologista no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), na apresentação na reunião no Infarmed desta sexta-feira. Como a efetividade da vacina reduz em função do tempo, “projeta-se a ocorrência de uma onda epidémica com intensidade e impacto que ultrapassa os atuais limites das linhas vermelhas”. O reforço vacinal vai achatar essa onda.

Segundo o epidemiologista, Portugal está num momento de transição entre o cenário mais otimista e o cenário intermédio que o próprio tinha apresentado na última reunião no Infarmed, em meados de setembro. Ressalvando a dificuldade em calcular quando será o pico da quinta vaga — esta época é “muito incerta”, justificou —, o cientista nota ainda assim que o surgimento de vagas de frio, habitualmente em dezembro e janeiro, podem precipitar a sua ocorrência.

No primeiro cenário, a redução da proteção induzida pelas vacinas só se verificava ao fim de três anos e o país continuava abaixo das linhas vermelhas da ocupação de camas em unidades de cuidados intensivos (UCI) e a proporção de óbitos em duas semanas por milhão de habitantes. No segundo, a diminuição da proteção demorava um ano a revelar-se e o país ultrapassaria as linhas vermelhas em janeiro. Portugal está entre os dois cenários.

Apesar do apelo para um reforço vacinal, uma vez que a população mais vulnerável (e vacinada há mais tempo) já está a perder a imunidade provocada pela vacina, Baltazar Nunes ressalva que o esquema vacinal original foi essencial para controlar a epidemia: não só evitou 14.660 infeções, como poupou 3.065 vidas. Ainda assim, no próximo outono e inverno, as medidas impostas devem ter em conta não só a incidência da Covid-19, mas também a pressão sobre o SNS exercida por outros vírus respiratórios, nomeadamente o da gripe.

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